Alice foi uma menina nascida e criada na zona sul carioca. Criada com todo amor pelo pai arquiteto e a mãe publicitaria, tinha um irmão mais velho, que foi um daqueles anjos que vem ao mundo ensinar o que e amar de verdade. Ele partiu jovem e deixou para Alice como herança uma capacidade enorme de doar seu coração.
Aos 20 anos, a tímida menina Alice já tinha muita historia para contar. Determinada e lutadora, era do tipo amiga da vida dos amigos e a melhor candidata a namorada que qualquer rapaz comprometido poderia querer encontrar...
Betinho aos 22 anos já colecionava vários trofeus no judô. Era popular entre os amigos, bonito, atleta, morava com a mãe, o irmão, a sobrinha e os avós, todos juntos e felizes em um pequeno apartamento em Botafogo.
Foi em um popular boteco no Leblon, entre varias cervejas de garrafa, que eles se viram pela primeira vez. Um amigo em comum os apresentou. O que começou como brincadeira, virou paixão após alguns encontros. Entre flores, jantares românticos e muito tatame, o amor aconteceu e o namoro foi oficializado.
Alice nunca vai esquecer a primeira vez que conheceu a família do namorado. Sua sobrinha fazia 5 anos e a mãe de Betinho resolveu reunir os mais chegados para celebrar. Ao entrar na sala, o primeiro susto. Ao entrar no apartamento, se deparou com uma sala vazia, apenas a mesa do bolo. Todos os convidados eram direcionados para um dos 2 quartos do apartamento.
Ela foi parar sentada na cama de Betinho, ao lado das primas de Minas. O irmão estava sentado no chão e as crianças brincavam dentro da casinha da Monica montada no meio do ambiente. Os salgadinhos estavam gostosos e o refrigerante gelado, a família era calorosa. Falavam alto, eram brincalhões e deixaram a menina tímida super a vontade. Mas curiosa, será que o sofá estava reformando? Ou, quem sabe, a família estava trocando a mobília. Depois de meia hora, esqueceu o assunto e curtiu a festa.
No final de semana seguinte, a menina foi dormir na casa do namorado pela primeira vez. Saíram da festa de um amigo na vizinhança, e como tinham tomado algumas doses de vodka a mais, ela resolveu ficar por lá.
A sala continua sem sofá, e no quarto ela descobriu que Betinho tinha crescido bastante, já que era um rapaz com mais de 1,80, mas sua cama era a mesma desde os 09 anos de idade. Resultado, metade de suas pernas ficavam para fora. Alice achou excêntrico e desta vez perguntou ao rapaz porque ele não comprava uma cama maior. A resposta foi simples...não vejo necessidade, não me importo com o tamanho. Assim, ela virou para o lado e adormeceu. Sem dar muita importância para o fato.
Na manhã seguinte acordou ávida por um banho. Pediu uma toalha e Beto disse que podia usar a que estava pendurada no banheiro. Alice notou que a mesma estava molhada e comentou com o amado. Naturalmente, disse ele, meu irmão, com quem dividia o quarto, deve ter usado. Neste momento, a menina Alice ficou assustada, afinal tinha aprendido que era uma questão de higiene cada um ter a sua própria toalha de banho. Quando comentou com o namorado suas lições de infância, ficou ainda mais surpresa ao ouvir a revelação que naquela casa, onde moravam 6 pessoas, todas dividiam a MESMA toalha.
Indignada Alice pergunta: Como assim, amor, 1 toalha para 6?
Ouve do namorado com tranquilidade que sim. Eles tinham outros jogos de toalha, mas para que se dar o trabalho de usar cada um a sua toalha de banho, se não era incomodo nenhum para a família dividir a mesma?
Apesar dos hábitos diferentes da família de Beto, Alice, totalmente apaixonada, continuava acreditando ter encontrado seu príncipe encantado. Seus pais tradicionais ficavam um pouco aflitos quando eram convidados para as festas na casa do namorado da filha. Mas, por respeito a ela e aos anfitriões, nunca interferiram negativamente.
A família de Beto era unida e mesmo com a sala vazia, todos se reuniam em volta da pequena mesa, sentados em bancos baixos, para fazer as refeicoes. Os pratos, copos e talheres eram diferentes, cada um sobreviveu a um jogo do passado que havia quebrado, ou tinha se perdido ao longo de algumas mudanças.
O que impressionava Alice e que não se tratava de falta de dinheiro, mas sim da cultura daquelas pessoas. Não tinham maquina de lavar, o banheiro não era azulejado, o numero de jogos de cama, mesa e banho era restrito e todos não davam nenhum valor para mudar isso. Ela ate tentou presentear a sogra com um caro conjunto de toalhas de banho. Descobriu depois que ficava no armário guardado para que ela usasse todas as vezes que dormisse por la.
Alice e Betinho ficaram juntos 4 anos e meio. O namoro foi turbulento, com idas e vindas, interrompido por micaretas, carnavais, reveillons. Ate que chegou o dia que a paixão esgotou e cada um resolveu seguir o seu caminho.
A tímida menina cresceu e hoje esta bem mais descolada e resolvida. Se divertiu muito ao contar pela primeira vez numa roda de amigos os estranhos hábitos da família do ex.
Muito raramente encontra Beto, geralmente acompanhado da nova namorada. Sempre o cumprimenta educadamente. Sabe por amigos que ele ainda mora no mesmo apartamento e que a sala ainda não tem moveis.
Acredita que 1 toalha continua sendo usada por todos os membros da família, que agora aumentou. O irmão casou e a esposa mora la também. Parece que tem um bebê e todos continuam felizes dividindo o mesmo quarto, e dormindo na mesma cama que ganharam aos 9 anos de idade.
Nossa Alice por sua vez mora numa bela cobertura no Leblon e fez questão de comprar pelo menos uns 5 jogos de toalha de banho. Prometeu que na sua casa, esta nunca ia faltar...
sexta-feira, 15 de maio de 2009
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A história de Alice é veridica e nos faz refletir mto sbre os valores de cda um, há quem possa achar que dividir a toalha com a familia (por falta de dinheiro, o que nao era o caso) soa romântico. Mas o que não está postado neste blog é que esse 'pequeno habito' familiar levou Alice a ter algumas doenças de pele... deve ser por isso que Alice adotou na sua Cobertura do Leblon o sabonete liquido, pra que nenhum convidado tenha contato seque no sabonete!!!!!!! Sensacional essa historia! beijos
ResponderExcluirjackie
Nunca acreditei quado minha mãe me via chorado pelo Betiho e me falava:
ResponderExcluir- Minha filha antes do que você espera estará dando risada essa história toda...
E mais uma vez ela estava certa, hoje as historias minhas e do Betinho viraram folclore e sempre que a turma e encontra elas faze parte do repertório para darmos risada...
Em breve divido com vocês mais histórias sobre esse curioso relacionamento que vivi.
Beijos
Alice
Confesso que tinha esquecido da doenca de pele...mas antes de postar o relato de Alice, comentei que este seria o tema do blog esta semana e os companheiros que escutaram a historia em Angra, me lembraram que nossa Alice chegou a sofrer fisicamente com a questao da toalha...resolvi omitir este detalhe, mas adorei saber do sabonete liquido. Super pertinente!
ResponderExcluirAlice querida, nada como os anos para substituir lagrimas por muitos sorrisos! Concordo plenamente com a sua mae! Quero ouvir todas as historias, o blog agradece e o publico tambem. Mais uma vez, obrigada por ter deixado que eu publicasse aqui este pedaco da sua vida! bjs
ResponderExcluirClaudia, Sensacional este momento Alice! Me fez lembrar uma amiga do colégio que só tinha 2 calcinhas e acreditava ser o suficente. Nunca entendi como podia ser suficiente estar com uma no corpo e outra "lavando". E se não secasse??? Bom, acho que esta amiga é a alma gêmea de Beto!!!!Amei seu blog! Bjs Simon
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