Saí do taxi e lá estava ele, sentado em frente ao Braseiro. Fazia 1 ano e seis meses que não nos viamos. Não mudamos quase nada, nem engordamos, nem emagrecemos, os cortes de cabelo e a cor da pele também não estavam tão diferentes do nosso último encontro. Na Gávea, nos despedimos e, por coincidência, estávamos nos reencontrando.
Achei que já estava pronta para enfrentá-lo, afinal, tinha sido um grande amor, o maior de todos e precisei de um tempo para me desligar dele, desintoxicar mesmo. Nos primeiros meses distante, lembro que sonhava com seu cheiro e seu corpo, mas o tempo foi passando, mergulhei minha alma em outras prioridades e enchi a cabeça com novas idéias para compensar sua ausência.
Um dia, já mais segura dos novos projetos, mesmo sem ter colocado outro amor no lugar, senti que poderia abraçá-lo novamente. Foi isso que fizemos assim que os olhares se cruzaram no BG.
Sentamos na varanda do Hipodromo. Entre alguns cigarros e muitos chopps, pouco a pouco fomos colocando os assuntos em dia...fofocas de família, histórias da night, aventuras, viagens, trabalho, novos amores, futuro, objetivos. Pedimos desculpas. Admitimos erros. Apontamos o melhor de cada um. E, de repente, sou surpreendida pela tão esperada declaração de amor. Linda! Mas fiquei chocada ao perceber que não senti frio na barriga e nem vi borboletas coloridas. Pensei calada: acabou.
Mas, foi depois de mais alguns chopps que de fato percebi: todos os motivos que nos separaram ainda estavam lá. Dentro de nós e entre nós. Tão concretos, como um muro, dividindo a mesa do bar.
Nossa essência era a mesma, assim como, a sensação de que a nossa história de amor é ainda importante e, será sempre, inesquecível. Mas estava claro que tinhamos crescido diferentes. Nossos caminhos não se cruzam mais. Nada em comum.
Meus amigos nos encontraram 2 horas depois, na verdade, quando marquei o encontro, ainda tinha medo de cair em tentação e terminar no motel. A fim de evitar deslizes, chamei a turma, que sempre o respeitou, para reencontrá-lo e tomar um chopp.
Ele matou as saudades da galera e logo depois foi embora. Eu fiquei até mais tarde, conversando sobre outros assuntos, sem nem ao menos pensar nele. Me assustou não ter ficado mexida. Me assustou descobrir que agora, de fato, sei que não o amo mais.Me assustou perceber que já posso tomar um chopp com ele, sem ter vontade de beijá-lo.
Zerei!
Deu medo perceber que mudei.
Perceber que estou disposta a encarar o desafio de buscar um outro amor. Não para esquecer alguém, não apenas por carência, mas por vontade de recomeçar, com um alguém com quem possa compartilhar o meu atual olhar, e que possa amar a nova pessoa que me transformei.
*o titulo deste post é uma frase do poeta chileno Pablo Neruda.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Que bom querida! É isso, o tempo ajuda...
ResponderExcluirParabéns pela nova etapa da sua vida!
"Pior que passar a vida toda procurando a pessoa certa,
ResponderExcluirÉ passar vida toda ao lado da pessoa errada"
E melhor ainda é saber que enquanto procuramos, bebemos chopp e damos muita risada!
Super Beijo
Mariana
É isso aí Claudinha, o mundo gira, a Lusitana roda e a fila anda. Não é menosprezar ou diminuir o que aconteceu, mas manter o carinho e o respeito pelo outro e, principalmente, por si mesmo!
ResponderExcluirAmiga ótimo texto, corajoso! A vida segue e outros amores virão, mas é importante saber que tudo o que passamos; alegrias e tristesas,dores e prazeres, fazem de nós o que somos hj.
ResponderExcluirUm brande beijo
PS. MAGNÍFICA a escolha do título!
é bom tomar um chopp sem sentir mais as borboletas na barriga. dá uma sensação de liberdade. eu acho que estou num momento parecido com esse que vc contou no texto.
ResponderExcluirmas, sabe, Claudinha, eu sou uma pessoa estranha.
depois de tanto sofrer e chorar por um relacionamento que não deu certo e pelas feridas que estavam abertas, hoje, eu choro por não ter mais porque chorar e pelas cicatrizes que eu acho lindas! hahaha Louca!
beijo beijo beijo
Ana B
Ahh, Neruda, Neruda.... O seu título não poderia ter sido mais bem escolhido, como já disse Lyara no post acima. Excelente mesmo é a sua estória vivida até a última gota; esse grande amor. Eu já disse isso pessoalmente e bato na tecla: é muito gostoso também sentir borboletas no estômago por outros motivos e esses você tem de sobra. Não há nada igual no mundo como estar apaixonada e amando loucamente, mas o inverso é igualmente inspirador. Por ora, neguinha, é isso aí: não ame ninguém! risos... e você irá descobrir o quanto isso é libertadora. Até porque dura pouco! risos... (os seres humanos estão fadados aos encontros!) :-)
ResponderExcluirNossa amigos, ADOREI os comentarios! Na verdade o titulo que inspirou o post. Estava com os acontecimentos na mente, mas ainda sem coragem de escrever, quando li esta frase de Neruda sem querer na web. Aproveitei o embalo e registrei o fim de uma era maravilhosa e o desejo de comecar uma outra historia, ainda melhor, afinal o passeio nao pode parar...bjao e obrigada pela visita!
ResponderExcluir"Daqui pra frente, tudo vai ser diferente"!
ResponderExcluirSurgirão muitas oportunidades em sua vida e estou certa que voce irá aproveitá-las com sabedoria e responsabilidade.
Beijos
Gladys
Amiga, imagino sua tensão nesse cenário tão conhecido. Visualizei os detalhes da produção, a luz e a trilha sonora desse importantíssimo momento. E ao abrirem as cortinas, assumo que, já estava ansiosa para chegar ao epílogo.
ResponderExcluirCena tão corriqueira há tempos volta a acontecer...Vocês, de então, permanecem iguais, mas agora tão diferentes.
Maravilhoso espetáculo: As borboletas agora vão voar em outro lugar, para colorir novos momentos.
Muitos aplausos para você e saudades.
Gabi
Ai Gabi, q lindo!
ResponderExcluirAlias amei o post e todos os comments.
Realmente: corajoso, sincero e libertador.
Amiga Claudia vai se inspirar na América do Norte e deixar muitas saudades.
sou eu, Debbie
ResponderExcluir