terça-feira, 31 de março de 2009

Estréia

Se eu vim mesmo ao mundo a passeio? Acho que sim e explico....

Ainda não andei de Balão, mas acho sensacional a idéia de acender uma chama e subir, ter a capacidade de controlar os movimentos de acordo com o vento. Se locomover com a liberdade de enxergar o macro. Mas estar preparado para uma micro surpresa da mãe natureza que pode mudar o curso da história.

Não freqüento a praia, mas amo viver em uma cidade que tem oceano. Toda vez que vejo o mar sempre imagino aonde ele vai me levar. Gosto da idéia de deixar o porto seguro em direção ao desconhecido. Me sinto livre. Apesar do medo do que pode vir adiante, tenho fascínio pela idéia de ir em frente, ir além, rumo ao novo e surpreendente.

Acho incrível como a vida da gente é uma imitação da sábia natureza. Deixamos pegadas na beira do mar e as ondas vêm e as apagam sem deixar nenhuma marca. Admiro cada vez mais as pessoas que conseguem andar de chinelo, relaxado com o presente, a vontade para olhar o futuro e confortável com o passado. Acho sensacionais as pessoas que tem a capacidade de deixar o passado no lugar do passado, tanto para as coisas boas como para os desafios, e que não carregam mágoas, frustrações, deixam o mar levá-las para longe e esperam de bom grado, pacientemente, o novo. Para mim, essa é a verdadeira liberdade de passear pela vida.

Aliás, comecei a construir este conceito ainda infância. Meus pais embora tradicionais e exigentes me ensinaram a importância do limite e do respeito, mas sem tolir a liberdade de ser eu mesma. Foi com eles que aprendi a sonhar e que só com atitudes os sonhos se tornavam realidade.

Lembram do Menudo, um grupo latino que fez o maior sucesso na segunda metade da década de 80? Aquele que lançou o Rick Martin? Eu era apaixonada por eles, fã de carteirinha e um dia a minha mãe leu na Revista Contigo que eles estavam promovendo um encontro com os fãs brasileiros. O pacote incluía uma noite no extinto Hotel Nacional, 1 hora com os integrantes do grupo e uma ida ao show do Maracanazinho de cadeira especial. Acreditem se quiser, meus pais acharam ótimo este ser o meu presente de aniversário e de repente lá estava eu, ao lado da minha mãe, fotografando, pegando autógrafos (o do Rick Martin está guardando até hoje), e cumprimentando os meus super ídolos.

Muita gente pode achar isso tudo uma bobagem, jogar dinheiro fora, mas eles não, nunca se preocuparam muito em seguir comentários dos vizinhos, mas sim em nos ensinar coisas para encarar as surpresas boas e os percalços do caminho. Lá em casa as regras sempre foram: reclame o mínimo possível de qualquer assunto, sua vida é muito boa e privilegiada para tal; seja generoso, ajude o próximo, valorize cada momento e agradeça a oportunidade de vivê-lo. O mais importante: não se compare com ninguém, em nenhum aspecto. Faça o seu exercício e viva a sua vida dignamente.

Depois do aprendizado inicial com a família, vivi dois grandes amores que me ensinaram mais alguns truques para encarar a vida como um grande passeio...foi com eles que aprendi a descer do salto arrogante, do olhar superior, crítico e preconceituoso que às vezes temos do que nos cerca. Por amor aprendi a calçar o chinelo de dedo e andar sem pressa, sem temor. Aprendi a curtir o presente, me livrar da ignorância e do medo do desconhecido e a enxergar o que está dentro de mim. Aprendi que a minha vida podia ser muito mais interessante se eu a construísse sem frustrações e arrependimentos. Aprendi que a nossa caminhada é igual à areia da praia, às vezes a gente afunda, mas com determinação da para seguir adiante. Os amores me ensinaram que apesar dos sentimentos acabarem, o que importa é o bem que fizeram e a herança que deixaram.

Ao longo da caminhada, fiz e tenho feito amigos muito especiais, alguns vieram ao mundo a passeio, outros não...mas é esta diferença que torna prazerosa a nossa convivência. Vivemos várias histórias de amor, drama e terror. Fazemos planos impossíveis. Realizamos sonhos. Temos debates polêmicos e outros superficiais. Tomamos coca-cola no Mc Donald´s, saideiras e saiderrrrissimas no Jobi. Enfrentamos desafios e momentos enlouquecedores. Gargalhamos e choramos juntos.

Mas o legal é que ao mesmo tempo que compartilhamos o prazer de viver alguma situação, temos um olhar e opiniões completamente diferentes. Através dos meus amigos, tenho a chance diária de aprender mais e mais sobre a alma humana.

Acho que vir ao mundo a passeio é ter várias válvulas de escape do cotidiano. O que mais gosto de fazer para isso é viajar. Muito. Para qualquer lugar. Conhecer o mundo e o interior de São Paulo. Mas às vezes o tempo e a grana não são suficientes e ai, faço a minha viagem no mundo da imaginação. Para isso recorro aos livros, às peças de teatro, aos filmes, e principalmente as séries de TV.

Sem me preocupar se é romance, drama ou ficção cientifica, quando tudo fica meio cinza, meio chato, são eles que me salvam. É assim que escapo da rotina, alimento as minhas idéias, renovo os meus sonhos e me encho de coragem e energia para persegui-los.

Falando em sonho, este blog é a realização de um antigo. Estou animadíssima com a produção dele (que só foi possível graças a paciência e ao talento da Sandrinha que cuidou carinhosamente do visual, superando as minhas expectativas).

Espero que gostem e participem ativamente. A idéia é que seja um espaço democrático, onde a gente possa contar histórias, compartilhar experiências, comentar sobre estréias interessantes e viagens inesquecíveis.

O blog está aberto aos amigos que quiserem postar, basta me mandar o texto e um pequeno perfil de vocês por email (claudia.ciuffo@gmail.com) que será publicado com o maior prazer. Só tenho um pedido: o preconceito, o radicalismo e o baixo astral não estão convidados a participar do nosso encontro.

Afinal, a proposta é fazermos um passeio interessante, divertido e muito bem humorado. Vamos aproveitar este momento para ler a vida de uma maneira mais leve, mais livre. Macro como no passeio de balão, surpreendente como sair do porto seguro, rumo ao horizonte e feliz ao optar por não olhar mais para o passado e focar nas pegadas do presente e nas surpresas do futuro.

Conto com vocês.

Beijão,

Claudinha