segunda-feira, 25 de maio de 2009

Anti- Socilas

Há uns anos atrás, a Socila era um famoso centro estético, onde as moças da classe média, além de cuidarem da pele, aprendiam boas maneiras. Foi na verdade o grande precursor de Glorinha Kalil no Fantástico, ensinando andar bem, se vestir adequadamente, usar de forma correta todos os talheres e copos em um jantar formal, mas principalmente dava as dicas de como se comportar nas mais diversas ocasiões: casamentos, reuniões de trabalho e até mesmo na casa dos amigos.

A Marina, o João e a Tati são da década que a Socila reinava absoluta e oferecia aulas de etiqueta, porém, apesar de serem super bem educados, os três amigos nunca se preocuparam em seguir a risca as regras da sociedade burguesa. Animados, contam com brilho próprio e uma energia inesgotável, ultrapassando vez por outra, os limites comportamentais, tidos como razoáveis.

Individualmente, os três já batem recordes, colecionando histórias hilárias de como NÃO devem se comportar, mas foi quando se reuniram para comemorar o aniversário de uma amiga em Búzios que ganharam o titulo de Anti-Socilas.

Tudo ia muito bem, até que decidiram virar a madrugada jogando sinuca, tomando cerveja, fumando alguns cigarros e falando da vida. Marina, João e Tati eram os únicos de um grupo de 15 pessoas que estavam acordados, não se viam há algum tempo e o reencontro foi marcado por uma lista de gafes inesquecíveis, que os inspiraram a escrever um Manual do que NÃO deve ser feito quando se está viajando em grupo...

1 -NÃO anunciar a falta de simpatia por banho. Higiene é um assunto delicado e contar aos 4 ventos que não entende direito porque as pessoas tem necessidade de tomar vários banhos por dia e argumentar que é cientificamente provado que sabonete demais faz mal para a pele, pode soar estranho aos que estão ao redor. Manter em segredo a informação que se dá muito bem com o cloro e que depois de um bom banho de piscina não é preciso lavar a cabeça.

2 - Mandatório: NÃO ACORDAR OS AMIGOS com o tom de voz elevado a milhões de decibéis. Manter-se longe do quarto das pessoas e lembrar a toda hora que não é todo mundo que gosta de passar a noite em claro ouvindo histórias do sexo dos anjos.

3 - DE FORMA NENHUMA, NUNCA acordar o caseiro as 07 da manhã para perguntar se há um telefone de delivery de cerveja, pois as 20 latinhas da casa tinham acabado. Lembrar que Búzios é uma cidade turística sim, mas um balneário no interior do estado do Rio e que se é difícil encontrar um delivery de bebida no Leblon, a este horário, é IMPOSSÍVEL conseguir que este serviço esteja disponível em Búzios e, mesmo que tivesse, era muito pouco provável que o caseiro fosse capaz de dar esta informação.

4 - SER EDUCADO E NÃO dizer NUNCA para a anfitriã que as compras de comida foram feitas em quantidade insuficiente, ainda mais quando isto NÃO É VERDADE! Controlar os impulsos e a língua!

5 - NÃO FUMAR dentro da cozinha as 07:30 da manhã, quando os outros convidados, não fumantes, estão fazendo café da manhã. Respeitar o limite dos amigos!

6 - NÃO MEXER nos interruptores da casa durante a bebedeira, pois o caseiro pode acordar cedo para ir ao banheiro e descobrir que ao invés de você ter simplesmente apagado a luz (pois o dia amanheceu), trocou os botões e desligou o REGISTRO DA ÁGUA de toda a casa. A intenção é ótima, mas com a morosidade do raciocínio de um bebum pode trazer péssimas consequências!

7 - NÃO DEMORAR NO BANHEIRO, mais que quatro minutos, depois de uma longa noite de cachaça, levanta suspeita que você pode estar passando mal e escandaliza a funcionária. E não dormir demais, devemos respeitar os horários da casa para a limpeza dos comodos. Ligar sempre o despertador.

8 - NÃO CONTAR aos berros, na piscina, deliberadamente, na frente de pessoas não tão intimas, que vai tomar um remédio para parar de fumar que aumenta consideravelmente o apetite sexual. Anotar: Em alguns momentos DISCRIÇÃO É FUNDAMENTAL!

9 - NÃO BEBER A CHAMPA que a aniversariante ganhou de presente. Lembrar que nem tudo pode ser usado sem o consentimento do dono.

10 - SEMPRE levar no bom humor o post de uma amiga total Anti Socila que resolveu, neste final de semana, orgulhar a mãe, saindo de cena no melhor da festa e, como acabou escapando de cometer seus próprios micos, resolveu se divertir sóbria contando o porre dos outros!

E, para quem chegou ate aqui 2 noticias ineditas : Foi o Joao que teve a ideia brilhante de chamar o Bosco e, pasme, ele tentou antes da Marina. Mas foi discreto e nao se deixou ouvir. Na real, na real, foi ele o grande " responsavel" do babado que agitou a manha de domingo!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uma toalha para 6...

Alice foi uma menina nascida e criada na zona sul carioca. Criada com todo amor pelo pai arquiteto e a mãe publicitaria, tinha um irmão mais velho, que foi um daqueles anjos que vem ao mundo ensinar o que e amar de verdade. Ele partiu jovem e deixou para Alice como herança uma capacidade enorme de doar seu coração.

Aos 20 anos, a tímida menina Alice já tinha muita historia para contar. Determinada e lutadora, era do tipo amiga da vida dos amigos e a melhor candidata a namorada que qualquer rapaz comprometido poderia querer encontrar...

Betinho aos 22 anos já colecionava vários trofeus no judô. Era popular entre os amigos, bonito, atleta, morava com a mãe, o irmão, a sobrinha e os avós, todos juntos e felizes em um pequeno apartamento em Botafogo.

Foi em um popular boteco no Leblon, entre varias cervejas de garrafa, que eles se viram pela primeira vez. Um amigo em comum os apresentou. O que começou como brincadeira, virou paixão após alguns encontros. Entre flores, jantares românticos e muito tatame, o amor aconteceu e o namoro foi oficializado.

Alice nunca vai esquecer a primeira vez que conheceu a família do namorado. Sua sobrinha fazia 5 anos e a mãe de Betinho resolveu reunir os mais chegados para celebrar. Ao entrar na sala, o primeiro susto. Ao entrar no apartamento, se deparou com uma sala vazia, apenas a mesa do bolo. Todos os convidados eram direcionados para um dos 2 quartos do apartamento.

Ela foi parar sentada na cama de Betinho, ao lado das primas de Minas. O irmão estava sentado no chão e as crianças brincavam dentro da casinha da Monica montada no meio do ambiente. Os salgadinhos estavam gostosos e o refrigerante gelado, a família era calorosa. Falavam alto, eram brincalhões e deixaram a menina tímida super a vontade. Mas curiosa, será que o sofá estava reformando? Ou, quem sabe, a família estava trocando a mobília. Depois de meia hora, esqueceu o assunto e curtiu a festa.

No final de semana seguinte, a menina foi dormir na casa do namorado pela primeira vez. Saíram da festa de um amigo na vizinhança, e como tinham tomado algumas doses de vodka a mais, ela resolveu ficar por lá.

A sala continua sem sofá, e no quarto ela descobriu que Betinho tinha crescido bastante, já que era um rapaz com mais de 1,80, mas sua cama era a mesma desde os 09 anos de idade. Resultado, metade de suas pernas ficavam para fora. Alice achou excêntrico e desta vez perguntou ao rapaz porque ele não comprava uma cama maior. A resposta foi simples...não vejo necessidade, não me importo com o tamanho. Assim, ela virou para o lado e adormeceu. Sem dar muita importância para o fato.

Na manhã seguinte acordou ávida por um banho. Pediu uma toalha e Beto disse que podia usar a que estava pendurada no banheiro. Alice notou que a mesma estava molhada e comentou com o amado. Naturalmente, disse ele, meu irmão, com quem dividia o quarto, deve ter usado. Neste momento, a menina Alice ficou assustada, afinal tinha aprendido que era uma questão de higiene cada um ter a sua própria toalha de banho. Quando comentou com o namorado suas lições de infância, ficou ainda mais surpresa ao ouvir a revelação que naquela casa, onde moravam 6 pessoas, todas dividiam a MESMA toalha.

Indignada Alice pergunta: Como assim, amor, 1 toalha para 6?

Ouve do namorado com tranquilidade que sim. Eles tinham outros jogos de toalha, mas para que se dar o trabalho de usar cada um a sua toalha de banho, se não era incomodo nenhum para a família dividir a mesma?

Apesar dos hábitos diferentes da família de Beto, Alice, totalmente apaixonada, continuava acreditando ter encontrado seu príncipe encantado. Seus pais tradicionais ficavam um pouco aflitos quando eram convidados para as festas na casa do namorado da filha. Mas, por respeito a ela e aos anfitriões, nunca interferiram negativamente.

A família de Beto era unida e mesmo com a sala vazia, todos se reuniam em volta da pequena mesa, sentados em bancos baixos, para fazer as refeicoes. Os pratos, copos e talheres eram diferentes, cada um sobreviveu a um jogo do passado que havia quebrado, ou tinha se perdido ao longo de algumas mudanças.

O que impressionava Alice e que não se tratava de falta de dinheiro, mas sim da cultura daquelas pessoas. Não tinham maquina de lavar, o banheiro não era azulejado, o numero de jogos de cama, mesa e banho era restrito e todos não davam nenhum valor para mudar isso. Ela ate tentou presentear a sogra com um caro conjunto de toalhas de banho. Descobriu depois que ficava no armário guardado para que ela usasse todas as vezes que dormisse por la.

Alice e Betinho ficaram juntos 4 anos e meio. O namoro foi turbulento, com idas e vindas, interrompido por micaretas, carnavais, reveillons. Ate que chegou o dia que a paixão esgotou e cada um resolveu seguir o seu caminho.

A tímida menina cresceu e hoje esta bem mais descolada e resolvida. Se divertiu muito ao contar pela primeira vez numa roda de amigos os estranhos hábitos da família do ex.

Muito raramente encontra Beto, geralmente acompanhado da nova namorada. Sempre o cumprimenta educadamente. Sabe por amigos que ele ainda mora no mesmo apartamento e que a sala ainda não tem moveis.

Acredita que 1 toalha continua sendo usada por todos os membros da família, que agora aumentou. O irmão casou e a esposa mora la também. Parece que tem um bebê e todos continuam felizes dividindo o mesmo quarto, e dormindo na mesma cama que ganharam aos 9 anos de idade.

Nossa Alice por sua vez mora numa bela cobertura no Leblon e fez questão de comprar pelo menos uns 5 jogos de toalha de banho. Prometeu que na sua casa, esta nunca ia faltar...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Visões de Ângelo

Por Laura


Naquele dia ele passou por mim pela primeira vez, o que me marcou muito e detonou minha segurança e o domínio das minhas emoções. Não sosseguei enquanto não descobri quem era, precisava saber seu nome, o que fazia ali, pois frequentava o lugar há muito tempo e nunca tinha visto aquela figura tão interessante.

Aquele homem alto de olhos negros, cabelos levemente despenteados, aproximadamente uns 35 anos, acho que mais ou menos com 1,75m de altura, corpo normal, com certa barriguinha, que dependendo do conjunto tem seu valor, e nesse caso realmente tinha, ou melhor, tem, mas isso não importa agora.

Coincidência ou não, naquele dia, fui até o jardim, coisa que nunca faço, pois vivo apressada. Ao descer as escadas me distraí com a claridade e acabei esbarrando em alguém, quando me virei para pedir desculpas encarei aqueles mesmos olhos que algum tempo antes tanto havia me impressionado. Naquele momento fiquei louca e pensei que era a chance de descobrir quem era aquele homem.

Pedi desculpas e me apresentei, ele retribuiu e se apresentou, - muito prazer Ângelo - vim conhecer o espaço e aproveitei para dar uma volta e explorar o lugar. Começamos a conversar e a partir daí, ficamos amigos e passamos a nos encontrar com regularidade. Foi então que comecei a descobrir quem era aquele cara e porque tinha me encantado tanto.

Ângelo é uma pessoa bastante inteligente, dono de uma solidariedade admirável, senso de humor e generosidade que conquistam quem dele se aproxima, porém, nada é perfeito, sua intolerância e impaciência com algumas situações e algumas pessoas fazem com que ele, graças a Deus, não se aproxime da perfeição, e quando digo intolerância é intolerância mesmo.

Hoje sou suspeita para falar, pois o destino, a vida, Deus, o acaso seja lá o que for, colocou no meu caminho aquele que é e sempre será a minha metade, custei a admitir e confesso já tinha desistido, mas ela realmente existe. Feijão com arroz, café com leite, pão com manteiga, o Gordo e o Magro, Joe’s and Leo’s, a Gata e o Rato, 86 e 99, Tom e Jerry, Tristão e Isolda, Bob pai e Bob filho, o Michet e a Cachorra e para sempre Ângelo e Laura.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Visões de Laura

Depois que li o post do dia 01.05 escrito pela responsável por este blog, que por sinal é maravilhoso e emocionante, parei para refletir sobre o verdadeiro significado do título “Vim ao mundo a passeio”, alguns podem pensar que essa é uma condição privilegiada de alguém que pode se dar ao luxo de fazer o que quiser , a hora que quiser, desfrutar de viagens, mudar daqui pra ali sem sofrer consequências negativas, outros podem invejar e ficar loucos porque queriam também vir pra cá a passeio e não têm a sorte de realizar esse desejo.

Mas o que percebi com este texto sensacional que li é que, vir ao mundo a passeio vai além do material e divertido, está ligado diretamente aos mais nobres sentimentos, a essência do homem: vem ao mundo a passeio aquele que é alegre, aquele que não inveja, aquele que ama acima de todas as coisas, aquele que não se deprime por não ser correspondido no amor, aquele que não considera a sua condição inferior a do outro que está ao lado, aquele que crê, aquele que não faz da sua ansiedade uma arma para encobrir sua incompetência, aquele que homenageia, aquele que sorri, aquele que é generoso, aquele que é sincero,aquele que encara os problemas de frente, aquele que não se martiriza, enfim, só vem ao mundo a passeio aquele que sabe na prática o verdadeiro sentido de ser livre. Parabéns a você que também sabe passear!

Por Angelo Soares

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Home town

Eu adoro a Audrey Hepburn e foi em Sabrina, um dos seus classicos, que conheci a diferenca de nascer em um pais e adotar uma terra natal.

 Sou aquela brasileira que tem muito orgulho de seu pais, bato no peito, visto a camisa em qualquer lugar do mundo que estou. Nasci em Salvador, de frente pro farol da Barra, morei nos estados de Sao Paulo, Minas Gerais, Parana, e no interior do Rio. Alias, depois de alguns anos na cidade maravilhosa, me considero carioca de verdade. Acho o lugar mais lindo do mundo e me emociono todas as vezes que escuto os aplausos do povo quando o aviao pousa no Galeao. Defeito? Vamos combinar que todos nos temos e por isso nao cabe aqui um julgamento negativo.  O Brasil mais que meu pais, e meu porto seguro, onde sempre vao morar as pessoas que mais amo e onde sempre estarao as minhas raizes.

Mas, como Sabrina escolheu Paris (alias bela, bela, bela cidade) como sua home town, eu escolhi LA.

Sei que nem todos gostam dos EUA, outros tantos nao se indentificam com a Cidade dos Anjos, mas foi aqui que encontrei a minha paz. Sim, neste momento escrevo de Los Angeles, no mesmo endereco que ano passado fiquei 3 meses vivendo o momento sabatico, onde fui feliz 100%!

Acho inclusive que descobri aqui que, realmente, tinha vindo ao mundo a passeio e meu olhar sobre a vida ganhou uma forca ainda mais especial. Se acreditava em felicidade antes, em LA tive a prova que ela era concreta.

Ao chegar ontem no LAX (aeroporto internacional) ouvi o comandante dar as boas vindas e comunicar que o dia era quente e de sol. Bobagem, mas me emocionei! Sai de la, peguei o carro e como um passe de magica estava eu de novo na 405 (freeway) vindo para casa. Chego em Westwood, encontro um velho amigo que me hospeda, meia hora depois, outro casal de amigos passa para dar as boas vindas. Mais uma ligacao, outra amiga querida marca um brunch no bairro cool da cidade, a Santa Tereza daqui (o que ela tem toda a razao. cafe espetacular!!). Outras mensagens de texto e de repente mais um chopp agendado, desta vez, no bar do bairro.

Passo no supermercado vizinho, compro as Coronas. Visito Sao Judas, na minha Igreja predileta. Saio para jantar no restaurante hotspot da vez, vejo uma limousine em frente ao predio. Ando pela calcada da fama, almoco na Melrose, passo na produtora que me deu uma chance de estagio para pegar mais um trabalho, vejo o sol se por no rooftop da Hilgard, passeio pelos hills de Hollywood, faco compras no Beverly Centre que de chique so tem o nome,  volto pra casa, escrevo, me arrumo e parto para experimentar mais um cosmopolitan nos bares de West Hollywood.

Um unico pesar, a ausencia dos amigos! Em cada programa, o desejo que estivessem aqui para conhecer a minha terra natal. Exagerado isso?! Pode ser, mas a paz, a identificacao, a tranquilidade, faz com que a gente ultrapasse os limites e viva mais e mais intensamente. Como uma paixao, detona o desejo da companhia dos queridos para compartilhar cada momento.

LA e a minha home town, sem duvidas,  mas talvez  eu nao tivesse descoberto facilmente sem a parceria da Fe Elisa, amiga da vida, roommate, a pessoa que na primavera passada embarcou comigo nesta aventura, quem acreditou que seria legal e com quem vivi cada segundo dos 90 dias que estive por aqui em 2008.  Hoje, ela nao esta fisicamente aqui, apesar de achar que a qualquer momento ela vai entrar pela porta, mas de certa forma, ela e muito  responsavel por esta historia ter se desenrolado tao bem. 

Audrey morou anos na California e Sabrina passou sua temporada na Cidade Luz, vibro a cada oportunidade que tenho de estar aqui e me sentir realizada. 

O passeio pelo mundo ganha uma nova vibracao a cada encontro com minha terra natal, na verdade nada mais, nada menos que um encontro de verdade comigo mesma, afinal, e sempre bom voltar pra casa....