terça-feira, 30 de junho de 2009

Problema seu, problema meu...

Problema seu!

Não,
O problema não sou eu. O problema é seu!

Se preferes superficialidade,
o problema é seu!

Se preferes a frieza,
o problema é seu!

Se preferes a falta de carinho,
o problema é seu!

Se preferes o mau caminho,
o problema é seu!

Se preferes a incerteza,
o problema é seu!

Se preferes a falsidade,
o problema é seu!

Problema meu!

Não,
O problema não é seu. O problema sou eu!

Se quero alimentar ilusões,
o problema é meu!

Se me encanta uma sereia,
o problema é meu!

Se vivo de fantasias,
o problema é meu!

Se a mim falta alegrias,
o problema é meu!

Se acho a vida feia,
o problema é meu!

Se me perco em confusões,
o problema é meu!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Nós, os de então, já não somos os mesmos"

Saí do taxi e lá estava ele, sentado em frente ao Braseiro. Fazia 1 ano e seis meses que não nos viamos. Não mudamos quase nada, nem engordamos, nem emagrecemos, os cortes de cabelo e a cor da pele também não estavam tão diferentes do nosso último encontro. Na Gávea, nos despedimos e, por coincidência, estávamos nos reencontrando.

Achei que já estava pronta para enfrentá-lo, afinal, tinha sido um grande amor, o maior de todos e precisei de um tempo para me desligar dele, desintoxicar mesmo. Nos primeiros meses distante, lembro que sonhava com seu cheiro e seu corpo, mas o tempo foi passando, mergulhei minha alma em outras prioridades e enchi a cabeça com novas idéias para compensar sua ausência.

Um dia, já mais segura dos novos projetos, mesmo sem ter colocado outro amor no lugar, senti que poderia abraçá-lo novamente. Foi isso que fizemos assim que os olhares se cruzaram no BG.

Sentamos na varanda do Hipodromo. Entre alguns cigarros e muitos chopps, pouco a pouco fomos colocando os assuntos em dia...fofocas de família, histórias da night, aventuras, viagens, trabalho, novos amores, futuro, objetivos. Pedimos desculpas. Admitimos erros. Apontamos o melhor de cada um. E, de repente, sou surpreendida pela tão esperada declaração de amor. Linda! Mas fiquei chocada ao perceber que não senti frio na barriga e nem vi borboletas coloridas. Pensei calada: acabou.

Mas, foi depois de mais alguns chopps que de fato percebi: todos os motivos que nos separaram ainda estavam lá. Dentro de nós e entre nós. Tão concretos, como um muro, dividindo a mesa do bar.

Nossa essência era a mesma, assim como, a sensação de que a nossa história de amor é ainda importante e, será sempre, inesquecível. Mas estava claro que tinhamos crescido diferentes. Nossos caminhos não se cruzam mais. Nada em comum.

Meus amigos nos encontraram 2 horas depois, na verdade, quando marquei o encontro, ainda tinha medo de cair em tentação e terminar no motel. A fim de evitar deslizes, chamei a turma, que sempre o respeitou, para reencontrá-lo e tomar um chopp.

Ele matou as saudades da galera e logo depois foi embora. Eu fiquei até mais tarde, conversando sobre outros assuntos, sem nem ao menos pensar nele. Me assustou não ter ficado mexida. Me assustou descobrir que agora, de fato, sei que não o amo mais.Me assustou perceber que já posso tomar um chopp com ele, sem ter vontade de beijá-lo.

Zerei!

Deu medo perceber que mudei.

Perceber que estou disposta a encarar o desafio de buscar um outro amor. Não para esquecer alguém, não apenas por carência, mas por vontade de recomeçar, com um alguém com quem possa compartilhar o meu atual olhar, e que possa amar a nova pessoa que me transformei.


*o titulo deste post é uma frase do poeta chileno Pablo Neruda.

terça-feira, 16 de junho de 2009

19-04-1997

Foi neste dia que comecei a viver um grande amor. Era um sábado chuvoso e frio no Rio de Janeiro. Após assistir a uma apresentação do Grupo Nós do Morro, no Centro Cultural dos Correios, Gus, Deise, e eu fomos convidados pelo elenco para tomar uma cerva gelada no Barraco, tradicionalíssimo point no Vidigal.

Animados, participamos de todas as brincadeiras propostas pela turma, entre os limões e a sereia, Gus perdia a conta das doses de whisky que bebia, enquanto Deise se escangalhava de rir com a tentativa do cenógrafo em interpretar os sucessos de Pixinguinha.

Eu, na verdade, esperava ansiosa a chegada do "Principe" que tinha conhecido há 2 semanas e por quem tinha ficado obcecada. O Diego, então com 19 anos (contra os meus 24), era ator do Grupo e naquele momento a razão do meu afeto.

Engraçado essas coisas do coração, não acreditava muito em amor a primeira vista, mas aconteceu comigo. Desde o momento que o vi, fiquei determinada em conquistá-lo. E, neste dia 19 de abril, saimos pela primeira vez, sem pretensão, com gosto de paixão e aventura, começou ali um relacionamento que duraria uma década.

No post de estréia, comentei como aprendi a passear na vida por amor e devo muito disso ao Diego. Durante 10 anos, muitas idas e vindas, sorrisos e lágrimas, momentos de felicidade e outros de dificuldade, ele me ensinou a colocar o chinelo e aproveitar a vida, o presente. Foi ele que me mostrou como era feio reclamar das coisas e como eu deveria dar valor aos meus privilégios. Ele me ajudou a ser uma mulher segura, e a ouvir o meu coração antes de qualquer outra opinião, afinal, a felicidade só é completa quando estamos bem com nós mesmos.

Essa história passou a representar na minha vida não apenas uma paixão, um amor, um namoro ou uma amizade, mas sim uma transformação. Certamente, devo muito da pessoa que sou hoje aos nossos anos de convivencia e a todas as experiências (boas e ruins) que trocamos e compartilhamos.

Foi uma relação sincera, verdadeira, que enfrentou preconceitos, diferenças, traições, dores, prazeres. Foi um amor totalmente humano e real, as vezes parecido com as histórias de Nelson Rodrigues, outras com o romantismo folhetinesco de Janete Clair.

Nos permitimos errar bastante, no meu caso faltou coragem para gritar ao mundo e assumir junto a aristocracia tijucana aquele amor, no dele talvez tenha faltado abrir mão da liberdade, mas isso já não importa mais.

Crescemos diferentes e cada um seguiu o seu caminho, levando na bagagem emocional o melhor do outro. Uma relação que deu certo, que deixou um herança fantástica, que tem as feridas mais que cicatrizadas e que deixou na memória as lembranças de momentos e histórias deliciosas e inesquecíveis.

Se hoje eu assumo que vim ao mundo a passeio, foi porque o Diego "inventou" este conceito e só por isso, a história já teria valido muito a pena, foi ainda mais especial por ter sido uma história de amor, abençoada pelas luzes do Vidigal.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Conversa de Elevador

O sobe-e-desce é mais estranho do que pensamos. Não, o assunto deste post não é a crise nas bolsas de valores ou o sexo pós-Viagra, mas uma prosaica invenção sem a qual nossa vida seria muito mais cansativa (e plana!): o elevador.

No prédio em que trabalho, temos dois elevadores, um ao lado do outro. Tirando o térreo, todos os outros andares têm dois botões de chamada, um para subir, outro para descer.

Há coisa de umas semanas, fiquei impressionado com a capacidade que algumas pessoas têm de apertar o botão “errado”, isto é, o de subir quando querem descer e vice-versa. E não só isso, mas quando o elevador pára, a figura ainda pergunta “tá subindo?”, mesmo com o óbvio e sonoro aviso luminoso do lado de fora, com uma seta apontando para cima.

O que se segue é uma cara de decepção de quem queria descer (então por que apertou o botão de subir?!), além da vontade enorme de responder “não, tá descendo, o elevador é que tá de sacanagem com sua cara com essa seta enorme aí do lado de fora!”.

Bem, daí é que esta semana, pude testemunhar a lógica torta que leva algumas pessoas a cometerem este “erro” dos botões.

Chego para pegar o elevador no 4º andar junto com um dos seguranças da casa, que prontamente aperta o botão de subir. Eu, que quero voltar para minha casinha após um longo dia de labuta, aperto o de descer e comento com ele: “bom, você vai subir e eu quero descer...”.

O elevador chega vindo do térreo e com a seta do lado de fora apontando para cima. Deixo o segurança entrar e penso “pra que passear? Vou tomar uma água no bebedouro aqui do lado e pegar ele na volta”. Ele entra e aperta o botão para o andar que deseja ir. Qual não é minha surpresa que a seta “vira” e passa a apontar para descer? Como assim, a figura não tava subindo? Esqueço a água, interrompo o fechamento da porta, entro e faço exatamente esta pergunta para ele.

Aí vem a explicação que me deixou de queixo caído com sua lógica torta: “não, eu apertei o botão de subir porque o elevador estava no térreo e eu queria que ele subisse para me pegar”. Donde se conclui que, se o elevador estivesse num andar acima e ele quisesse subir, ele apertaria o de descer...

Ah, e ainda tem mais: como são dois elevadores, se um estiver acima e outro abaixo, ele apertaria os dois botões e veria qual chegaria primeiro, não interessa se estivesse subindo ou descendo!

E a histórias de elevadores não param por aí. Não podemos nos esquecer dos que ficam apertando insistentemente o botão, como se isso fosse fazer o dito andar mais rápido; os que entram falando no celular e logo atestam “se a ligação cair é porque estou entrando no elevador”, mas ela não cai e a figura passa a gritar sua conversa para compensar o mau sinal; os que ficam parados bem na porta, não dando espaço para os outros passageiros passarem para entrar ou sair; os que pegam o elevador para subir ou descer apenas um andar.

Mas tudo isso fica para outros posts. Afinal, eu vim ao mundo a passeio, nem que seja para ficar passeando de elevador...

Por Cesar Baima

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Visões de LAURA

O amor é aquela coisa que ninguém sabe definir, uns são práticos outros são dramáticos, tem os que sofrem, tem os cultivam, também tem os que só vêem o lado bom e os que se desiludem. Pode ser fraternal, sensual, sexual, marital, e tantos outros nomes, que em algum momento já ouvimos falar. Mas definir mesmo o que é o amor e como ele acontece não é comum e foi por isso que depois de refletir muito resolvi contar essa historia de amor transcendental, que ouvi por acaso....

Julio tinha 19 anos quando conheceu Samuel, se apaixonaram logo no primeiro momento e começou uma relação de amor intenso, aquele tipo que só vemos em romances de banca de jornal. Tudo corria as mil maravilhas e evoluiu a tal ponto que resolveram dividir não só o amor, como também todo e qualquer plano físico que se fizesse necessário, para consolidar aquela relação: casa, carro, conta bancária, CDs, livros...

A rotina seguia normal não fosse a imaturidade de Julio, que no auge da sua revolução hormonal, mesmo apaixonadíssimo, não evitava encontros sexuais fora do casamento, o que ele mesmo afirmava fazia bem para os dois. O fato é que Samuel não pensava da mesma forma e cada vez que descobria uma “traição” de Julio armava o maior barraco, e os barracos eram tão freqüentes, que depois de quatro anos, eles se separaram e foi viver cada um sua vida.

Julio para mudar radicalmente saiu do Brasil e foi tentar a sorte em outras paragens bem longe do seu amor para apagar da sua alma aquele que nunca mais esqueceria. Já Samuel, ficou por aqui mesmo e não teve muito problema com o coração, pois já vinha a algum tempo se desiludindo com seu parceiro.

Logo depois da separação Samuel conhece Zeca, um cara do bem, centrado, amigo, por quem se apaixona perdidamente e como da vez anterior resolve dividir a vida. Não muito tempo depois, Julio conhece David numa de suas baladas mundo a fora, também se apaixona e também decide dividir a vida.

E mais quatro anos se passam, até que Julio, ansioso por sexo, sai da rotina e se deixa flagrar por David, resultando em mais uma separação e o retorno imediato ao Brasil.

Passado um tempo de sua chegada, numa dessas festas populares, o destino entra em ação e resolve armar uma arapuca, ou quem sabe uma vingança?!

No auge da folia Julio vê um rosto que lhe encara o tempo todo e como não é de deixar escapar foi atrás e ganhou. O que parecia um encontro de festa se transformou em muitos outros encontros e cada vez mais frequentes, até que o amante confessou que vivia seriamente com o namorado há algum tempo, e deu a triste noticia que o namorado, que estava viajando de férias na casa dos pais do outro lado do país, voltaria em uma semana.

Julio, muito prático, pediu uma definição ao amante, sugerindo que passarem a dividir a vida, como sempre foi seu costume. De fato foi o que aconteceu, logo que seu parceiro chegou, o amante pediu a separação. Revoltado o parceiro traído resolveu voltar de vez para a casa de seus pais, mas não sem antes dar um prejuízo no outro, tirando-lhe tudo que pode.

Uma semana depois, Julio se muda de vez para o apartamento de seu novo amor e vivem fantásticos três dias de muita lua de mel, até no quarto dia bem cedo alguém tenta abrir a porta por fora com a chave, não consegue, pois a fechadura tinha sido trocada, mas o intruso nao desiste e começa a fazer um escândalo, falando horrores no corredor do prédio e acordando toda a vizinhança.

Os dois se levantam assustados vão até a porta, Julio olha seu parceiro e faz a clássica pergunta: quem é esse louco? É meu ex responde. Julio então num ímpeto de quem está sendo invadido se adianta e abre a porta para resolver de vez aquele problema.

Qual não foi a surpresa de todos quando ao se encararem falaram juntos: VOCÊ?!?!?!? O Ex era também seu Ex, Samuel, isso mesmo, Julio havia, sem saber, roubado o amor do seu amor. O barraco correu solto até que Samuel resolveu deixar Zeca e Julio em paz e voltou pra sua terra onde vive até hoje.

Zeca e Julio vivem harmoniosamente bem, enfrentando todos os problemas que um casal moderno tem: uma relação mais amadurecida e até onde foi possível perceber sem mais traições ou puladas de cerca.

por Ângelo Soares