terça-feira, 16 de junho de 2009

19-04-1997

Foi neste dia que comecei a viver um grande amor. Era um sábado chuvoso e frio no Rio de Janeiro. Após assistir a uma apresentação do Grupo Nós do Morro, no Centro Cultural dos Correios, Gus, Deise, e eu fomos convidados pelo elenco para tomar uma cerva gelada no Barraco, tradicionalíssimo point no Vidigal.

Animados, participamos de todas as brincadeiras propostas pela turma, entre os limões e a sereia, Gus perdia a conta das doses de whisky que bebia, enquanto Deise se escangalhava de rir com a tentativa do cenógrafo em interpretar os sucessos de Pixinguinha.

Eu, na verdade, esperava ansiosa a chegada do "Principe" que tinha conhecido há 2 semanas e por quem tinha ficado obcecada. O Diego, então com 19 anos (contra os meus 24), era ator do Grupo e naquele momento a razão do meu afeto.

Engraçado essas coisas do coração, não acreditava muito em amor a primeira vista, mas aconteceu comigo. Desde o momento que o vi, fiquei determinada em conquistá-lo. E, neste dia 19 de abril, saimos pela primeira vez, sem pretensão, com gosto de paixão e aventura, começou ali um relacionamento que duraria uma década.

No post de estréia, comentei como aprendi a passear na vida por amor e devo muito disso ao Diego. Durante 10 anos, muitas idas e vindas, sorrisos e lágrimas, momentos de felicidade e outros de dificuldade, ele me ensinou a colocar o chinelo e aproveitar a vida, o presente. Foi ele que me mostrou como era feio reclamar das coisas e como eu deveria dar valor aos meus privilégios. Ele me ajudou a ser uma mulher segura, e a ouvir o meu coração antes de qualquer outra opinião, afinal, a felicidade só é completa quando estamos bem com nós mesmos.

Essa história passou a representar na minha vida não apenas uma paixão, um amor, um namoro ou uma amizade, mas sim uma transformação. Certamente, devo muito da pessoa que sou hoje aos nossos anos de convivencia e a todas as experiências (boas e ruins) que trocamos e compartilhamos.

Foi uma relação sincera, verdadeira, que enfrentou preconceitos, diferenças, traições, dores, prazeres. Foi um amor totalmente humano e real, as vezes parecido com as histórias de Nelson Rodrigues, outras com o romantismo folhetinesco de Janete Clair.

Nos permitimos errar bastante, no meu caso faltou coragem para gritar ao mundo e assumir junto a aristocracia tijucana aquele amor, no dele talvez tenha faltado abrir mão da liberdade, mas isso já não importa mais.

Crescemos diferentes e cada um seguiu o seu caminho, levando na bagagem emocional o melhor do outro. Uma relação que deu certo, que deixou um herança fantástica, que tem as feridas mais que cicatrizadas e que deixou na memória as lembranças de momentos e histórias deliciosas e inesquecíveis.

Se hoje eu assumo que vim ao mundo a passeio, foi porque o Diego "inventou" este conceito e só por isso, a história já teria valido muito a pena, foi ainda mais especial por ter sido uma história de amor, abençoada pelas luzes do Vidigal.

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