segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O primeiro dia do resto da minha vida

Sentada na sala do meu novo lar, assistindo o canal 56 (E Entertainment) e tomando uma Corona penso se este e o primeiro dia do resto da minha vida.

Concluo que nao, na verdade o primeiro dia foi ha 2 anos atras quando voltei a Los Angeles, depois de 18 anos. Foi ali que decidi o que realmente queria fazer: mudar para California.

Os queridos amigos sabem que o topico virou obsessao. Tudo que aconteceu depois dali foi para construir o que estou vivendo agora. Muitos desafios rolaram, a inseguranca se instalou, o medo de sair novamente da zona de conforto e me jogar em um mundo totalmente desconhecido tomou conta de mim. Foram minutos, horas, dias e meses fazendo o exercio de me perguntar se valeria a pena.

O destino ajudou bastante quando ano passado tive a chance de passar 3 meses aqui com a Fernanda Elisa. Conheci o Marcelo e a cidade. Experimentei o glamour de Hollywood e as dificuldades de estar a tantos quilometros de meu sempre amado Rio de Janeiro e das pessoas mais importantes da minha vida. Mas, ao mesmo tempo, tive a oportunidade de ver o que seria se esta fosse a minha escolha.

Voltei para o Brasil decidida e trabalhei muito emocionalmente para que o sonho acontecesse. Um sonho que descobri ser antigo, muito antigo. Lembrei que no auge dos 16 anos, na minha primeira visita a cidade, comprei uma placa que estampava Beverly Hills e que ficou na porta do meu quarto da Tijuca durante anos. Lembrei tambem que durante 3 anos, morei na Barra em um condominio chamado California e que meu predio se chamava Beverly Hills. Durante a minha analise sobre o passado cheguei a gargalhar quando lembrei que trocava figurinhas de Barrados no Baile (nada menos que BH 90210) no pilotis da Puc.

Tudo poderia ser apenas um retrato de um passado feliz, mas quando voltei aqui, percebi que no fundo, no fundo, tudo que sempre quis era experimentar a vida de verdade perto das montanhas de Hollywood.

Me assutava a ideia de deixar tudo que me cercava: minha familia incrivel, meus amados amigos, meus bares prediletos, a minha vida mais que sensacional na unica cidade do mundo considerada Maravilhosa. No auge dos muitos pensamentos, cheguei a querer ter motivos para fugir de alguma coisa, assim seria mais facil justificar a escolha. Mas nao adiantou. Eu nao tinha motivo triste concreto para deixar tudo que mais me dava prazer e comecar do zero, zero mesmo.

Confesso que foi muito dificil! Doloroso ate, so que o prazer nao vem facil, a gente tem que fazer os tais movimentos para chegar onde quer. Comprei a briga com o meu consciente (e inconsciente) e ca estou.

Interessante que de repente tudo comecou a dar certo e as coisas mais improvaveis comecaram a acontecer de fato. Os delirios se tornam verdade a cada dia, deixando claro que valeu a pena!

O mais bacana de toda a trajetoria foi ter recebido o apoio e a energia positiva de todos voces. Nossa, fiquei tao lisonjeada com a quantidade de manisfestacoes carinhosas que recebi, que escrevendo agora me emociono novamente. Vou me emocionar sempre, afinal sou um ser humano como qualquer outro, um conjunto de defeitos e qualidades e de repente todo mundo achando o maximo eu, logo eu, chutar o balde de uma vida inteira confortavel e ja bem realizada e recomecar a busca pela felicidade.

Percebi o que Anita Garibaldi um dia falou, quem nasceu em frente ao mar, sempre quer ver o que tem adiante. Devo ao Farol da Barra, na Bahia, esse meu desejo de pegar o barco e seguir alem do meu confortavel horizonte e devo a minha estrutura de vida no Brasil, a minha familia e a voces, a seguranca de ter um porto seguro para voltar sempre. Ta ai o que me motiva a seguir em frente sempre.

A vida nova me agrada, me fascina e me da prazer, justamente por eu ter voces para compartilhar todas as vitorias, dificuldades e desafios. Gente, sensacional! Esse e o melhor passeio que alguem poderia fazer na vida e eu tenho a oportunidade de aproveitar essa chance.

Me resta apenas agradecer, a Deus, a Sao Judas e a todos voces que me fazem uma pessoa tao feliz, tao completa, tao segura e que me ajudam sempre a ter coragem de enfrentar o novo.

Preciso dizer que se voces me acham uma pessoa determinada, eu nunca teria forcas sem a energia positiva que recebi de cada um.

Tenho a nitida sensacao que comeco agora o resto da minha vida, que aqui realizarei os meus sonhos mais loucos e que no meio disso tudo a gente sempre vai se encontrar numa madrugada no Jobi, numa feijoada no Alfa Barra, ou simplesmente numa tarde de por do sol no Arpoador, para dizer que sim, tudo vale a pena, quando falamos de sonhos realizados e de pessoas queridas.

Na real, na real, no mundo a maior motivacao e ter pessoas com as quais compartilhar cada pedacinho da sua vida e isso, eu tenho, e por isso, eu vejo o ceu azul da minha varanda e digo que esta valendo muito a pena escrever esta historia.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

AUTO RETRATO

Acho tão difícil falar de si próprio , mas recebi essa incumbência e começo por dizer que gosto de cumprir tarefas e chicá-las, uma a uma, da minha agenda. E se a missão teima em me vencer, sou mais teimosa ainda e não descanso facilmente. Então, sou teimosa. Anoto tudo em papel, se não esqueço. Já tive ótima memória, decorava rapidamente músicas, números de telefones, endereços, informações em geral. Hoje uso colas. Mas não cheiro. Cheiro perfumes, temperos, plantas e papéis velhos. Minha memória olfativa, essa sim, funciona muito bem. Gosto do cheiro do velho, pois não tenho alergias. Só a esmaltes. Adoro velhinhos e velhinhas. Gosto de novidades, mesmo se forem fúteis. Mas não tenho paciência nenhuma com gente fútil. Também não tenho paciência nenhuma com vítimas eternas do mundo. Adoro a Terra. Sinto que minhas raízes crescem em direção aos quatro pontos cardeais. Cada vez que visito um lugar fica uma mudinha minha ali. Sou filha de minha mãe Cleide Árvore e de meu pai Renato Vento. Minha casa poderia estar em qualquer lugar onde meus afetos pudessem ir sempre me visitar. Adoro aviões. Adoro gente. Amo a companhia de animais - aprendo muito com eles - fonte rica. Mas também adoro ficar sozinha. Não sei lidar com despedidas. Choro. Choro muito. Choro por tudo - porque estou triste ou feliz. Adoro dormir. Durmo em qualquer lugar ou posição. Durmo muito - mas não em viagens. Também vomito muito - enjôo de barco, avião, ônibus, carro, mergulhando, fumando ilícitos. Então, não fumo ilícitos e tomo Dramin B12. Aprecio comidas e gosto de provar sabores novos. Sou gulosa. Amo doces bem doces, mas gosto do chocolate meio amargo. Tenho muitos apegos. Desejo o desapego. O apego me aprisiona. Às vezes passo temporadas em minha casa no Mundo de Oz - isso irrita algumas pessoas, mas eu gosto muito de lá também... Não sou organizada na casa, sou no trabalho. Tiro os sapatos quando entro em casa. Gosto que todos também o façam, mas às vezes tenho vergonha de pedir. Tenho vários TOC´s. Nenhum medicável, todos administráveis. Gosto de rir sem limites, me apaixonar sem limites, andar sem limites, mas de criança com limites. Ainda não tenho filhos, mas ainda sou jovem, ou pelo menos me sinto, sinceramente, muito jovem. Já tenho o pai dos meus filhos. Tem dia que o amo. Tem dia que penso em jogá-lo pela janela. Aí vou pra Oz. Sou impulsiva, mas já fui mais. Cantar é minha terapia, minha fantasia e minha liberdade. Gostaria de ter sido a autora de várias letras. Barulho não me perturba, definitivamente. Se preciso de silêncio, faço o meu silêncio. Me concentro facilmente, tanto que é difícil eu fazer bem, mais de uma coisa ao mesmo tempo. Odeio cobranças. Tenho dificuldades com críticas. Mas posso ouvir e refletir sobre tudo se for dito de uma boa maneira. Pessoas mal educadas e grosseiras me incomodam muito. Jogar lixo no chão me torna grosseira. Maldades com animais me transformam. Animais me cativam e acalmam. Sou da Ciça e do Capitão.

Visões de Laura

Todos os dias Ana vai para sua aula de yoga e pilates, onde tenta manter o equilíbrio e de certa maneira sua forma.

Uma das características mais marcantes de Ana é a curiosidade, curiosa ao extremo não deixando passar nada sem desvendar.
Qualquer detalhe passa pelo filtro dela e com isso ela desenvolveu um hábito pouco cartesiano e quase nada saudável – ouvir as conversas das pessoas que estão ao seu redor, sem nenhum pudor, chegando a fazer as coisas mais bizarras para satisfazer seu pecado.

Desde que começou a freqüentar a academia, ela observou que dois homens, um com um pouco mais de 40 anos e o outro aparentemente entre 30 e 35 anos, chegavam por volta das dez horas da manhã, se sentavam no banco em frente ao salão principal e começavam a conversar. Ela ia para sua aula e uma hora mais tarde quando voltava os homens permaneciam do mesmo jeito, conversando como duas carolas que cochicham no banco da igreja antes do padre iniciar a missa.

Essa situação, é claro, atiçou a curiosidade de Ana, que mais que depressa iniciou um processo de investigação para saber: primeiro o que tanto conversavam aqueles dois, segundo: sobre o quê conversavam, e terceiro: que tipo de atividade eles realizavam ali.

Primeiro passo: questionou à recepcionista sobre a frequência dos dois e as aulas que eles participavam, e qual não foi a surpresa, pasmem, os dois não faziam atividade nenhuma, pagavam a academia e passavam cerca de uma hora e meia sentados conversando e depois desse tempo levantavam, sorriam para a recepcionista e saíam como se fosse a coisa mais natural do mundo.

Ao ouvir isso, Ana ficou muito mais empenhada em descobrir o fim dessa história, sua curiosidade a essa altura estava no estágio máximo, quase empolada, e concluiu que precisava descobrir o assunto das conversas e o motivo de estarem ali. Várias alternativas passaram por sua cabeça, assim como, a maneira como ela descobriria tudo.

Como era habitual ela resolveu tentar escutar o papo, no que teve sorte, pois o banco onde as vítimas costumavam sentar era ao lado do bebedouro, assim começando um processo de hidratação intenso.

No primeiro momento ela percebeu que eles falavam de pessoas, coisas do tipo: fulano é muito mau caráter, beltrana não dá mole pra ninguém, o Zé Mané quase ferrou a Neide da contabilidade, e assim foi dia após dia até que Ana conseguiu compor vários personagens para aquela história sem pé nem cabeça.

Mas, um belo dia, ela ouviu alto e claro o nome: Demóstenes Alicanto de Oliveira Neto, isso mesmo, esse nome enorme e inconfundível, que não poderia existir de forma alguma dois iguais, era ele mesmo, o Dedé, seu melhor amigo, parceiro de todas as horas, aqueles dois estavam esculachando o pobre do Dedé, falando horrores, inclusive sobre uma história que ele teria sido visto aos beijos com outro homem numa casa noturna GLS da cidade.

Nesse ponto a curiosidade de Ana ultrapassou os limites do aceitável e ela partiu pra cima, precisava desvendar aquilo, custasse o que custasse, pois ninguém ia ficar falando do Dedé, mesmo que aos segredos, na presença dela. Foi então que colocou a recepcionista na jogada para levantar as fichas dos dois e descobriu o nome, telefone e o endereço do trabalho deles. Nesse ponto, quase matou a charada, os dois trabalhavam no mesmo lugar que o Dedé, e através do amigo, descobriu que na Net, existia um blog específico, voltado para o local de trabalho do Dedé, que expunha a vida de todas as pessoas, sem exceção, do ascensorista ao Vice Presidente, uma verdadeira rede de intrigas, que estava sendo investigada a fim de descobrirem a origem do instrumento que já tinha prejudicado tanta gente.

Ana não falou nada ao Dedé sobre os dois, mas começou a armazenar provas, para desmascarar aquela dupla implacável de fofoqueiros que expunham as pessoas por mero prazer. Filmou, fotografou, gravou algumas das conversas sem ser notada, pois assim como eles usavam a academia como disfarce, ela também o fez em nome bem.

Passado algum tempo, e com provas suficientes contra os dois, Ana chamou o Dedé e contou tudo, mostrando-lhe todas as provas. O amigo ficou surpreso, pois aqueles dois estavam acima de qualquer suspeita, nunca foram vistos juntos, trabalhavam em departamentos diferentes e eram muito bem conceituados perante o grupo, faziam aquilo por puro prazer.

Foi então que Dedé teve uma ideia, em menos de uma semana haveria uma festa na empresa para comemorar o aniversário de fundação e seria uma excelente oportunidade para desmascarar os dois.

Dedé contou tudo para o rapaz responsável pelo TI que prontamente resolveu ajudar, como haveria uma transmissão de DVD da empresa como fundo para as comemorações, iriam exibir também o material apresentado por Ana, no momento em que estivessem todos concentrados na comemoração, acabando assim, com a maldade daquele dois.

Ana, graças a sua curiosidade, foi a responsável pelo fim de uma situação de extremo mau gosto e por que não dizer, criminosa. Ela continuou suas aulas na academia e cada vez mais, muito atenta e curiosa.

Quanto aos dois fofoqueiros, esses além de estarem sendo processados de forma coletiva por calúnia e difamação, perderam o emprego, nunca mais voltaram à academia e acho que jamais ousarão comentar sobre a vida de qualquer pessoa.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

"Pois o homem raramente escapa ao seu destino"

Maria Helena e Oswaldo estavam as vésperas de comemorar 20 anos de casado. Maurício, o filho mais velho, tinha acabado de completar a maioridade e Natalia vivia o início da adolescência.Era o retrato da família feliz do comercial de Doriana. Sempre foram muito unidos e tinham uma convivência pacífica, carinhosa e amigável.

No verão de 2002, Maurício estreava o carro novo nas nights carioca,s quando por obra e graça do destino,maldito ou um benfeitor, encontra uma prima distante, que passava o férias na Cidade Maravilhosa. Não se viam desde crianças, mas Samantha, que sempre teve uma quedinha pelo primo mais velho, não hesitou em cumprimentá-lo.

O papo de amenidades durou até uma pergunta bombástica...

Samantha: Como está o namorado da sua mãe?

Maurício: Quem? Namorado de quem?

Samantha: O Carlos, namorado da sua mãe. Encontrei com eles semana passada, lá em Salvador. Manda um beijo para eles.

Maurício ficou atônito, mas disfarçou o susto inventou uma desculpa e foi correndo para casa. Não dormiu aquela noite. Quando os primeiros raios de sol despontaram, ele acordou a irmã e contou o acontecido.

Uma decisão deveria ser tomada.Aquela informação não poderia ser ignorada, afinal, não foi por acaso o encontro com a prima soteropolitana.

Na mesa do café da manhã, um filho confuso e ferido pergunta para a mãe quem era o seu namorado. Diante do olhar assustado de Oswaldo, Maria Helena chora envergonhada, contando a verdade.

Tinha conhecido Carlos em Salvador, quando passou uma temporada ajudando a melhor amiga a inaugurar seu novo negócio, uma delicatessen, em um dos shoppings mais chiques da capital baiana.

Seu coração ficou mexido e o romance engatou. A figura da mãe e esposa, naquele momento, ficou em segundo plano. Ali estava uma mulher pedindo desculpas por ter se apaixonado por outro alguém. Um ser humano, que como todos, está suscetível a ser trapaceado pelo seu coração.

Os dias que seguiram aquela refeição foram muito difíceis. Para todos.

Maria Helena rompeu imediatamente seu romance e tentou resgatar de todas as formas o seu casamento e o respeito de seus filhos.

O relacionamento durou em paz por mais 5 anos, até que Oswaldo pediu o divórcio. Foi amigável e até hoje eles continuam tendo uma relação cordial.

Seu filho passou por um processo delicado, afinal, receber do destino tamanha revelação quando se é muito jovem, não é simples . Mas aos poucos Maurício tem conseguido desmitificar a figura materna e compreender que como nada acontece sem querer, toda esta revolução, pode sim ter uma consequencia feliz.

Para Natalia, crescer tem lhe feito entender Maria Helena. Como mulher, percebe o quão estamos propensos a uma situação como esta, digamos, que contraria o que se espera de uma mãe de família da classe média brasileira. Afinal estamos suscetíveis as armadilhas do amor, da luxuria, dos sentimentos bons e dos mais tenebrosos pertinentes a alma humana.

Quem ainda busca o perdão de si mesma é Maria Helena. Depois de Carlos nunca mais foi tocada por outro homem. Na sobrevida de seu casamento, o sexo não teve mais espaço.

Sem depositar nenhuma expectativa no destino de seu coração, essa mulher vai aos poucos se dedicando a reconstruir seu amor próprio, abalado por um encontro improvável de seu filho, numa madrugada de verão, em uma boite no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Conversa de Taxi

Quatro da manhã. Marina e Paula tomam um táxi de volta para a Zona Oeste depois de mais uma noite de bom papo, muita champa e saideira no Jobi, claro....

Nos longos quilômetros da viagem, a conversa continua a girar sobre um tema que agitou o fim da noitada: o que fariam se ganhassem a bolada da Mega-Sena acumulada daquela semana?

- Nossa, é muito dinheiro! Não preciso de tanto. Ajudaria os amigos... – diz Marina.

- Boa medida. Não se esqueça de mim! Estou louca para fazer aquele curso na Califórnia – lembra Paula.

- Mas e se fosse você que ganhasse, o que faria?

- Claro que não vou te esquecer também, amiga! Fora isso, acho que passava um ano na esbórnia!

- Um ano, só?! Com tanta grana, acho que passava uns três anos na esbórnia!

- É mesmo, um ano pode ser pouco, principalmente para garotas que gostam de agito como nós...

- Pois é. Champa, bons restaurantes e companhia da melhor qualidade...

Já na Barra, Paula é a primeira a saltar. Logo depois que ela sai, o motorista, que até então se mantinha calado, não resiste:

- Madame, desculpe me intrometer na conversa, mas posso te perguntar uma coisa? Estou com uma curiosidade que está me matando...

- Sim...

- Onde fica essa tal de esbórnia?

Marina hesita. “Bebi demais ou ele perguntou isso mesmo que estou pensando?”. Depois de longos segundos, ela encontra resposta:

- Não, amigo, você não entendeu... Esbórnia não é um lugar, é um, é um, um estado de espírito!

- Ah não, madame, não fala desse negócio de espírito comigo não que sou evangélico...

- Não! É assim como um sentimento, fazer as coisas, como estamos fazendo agora...

- O quê? Pegar um táxi às 4 da manhã?

“Ai meu Deus!”, pensou Marina, já quase ficando sóbria diante de tamanha confusão.

- Nada disso, deixa eu explicar de novo. Esbórnia é assim... viver de bem com a vida, sem preocupações, sem responsabilidades, sem precisar trabalhar, sem ter que dar satisfação para ninguém. Entendeu?

- Ah, tá, entendi. Mas onde que fica a esbórnia mesmo? Do jeito que vocês falam, deve ser legal. Bem que gostaria de passear por lá...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Visões de LAURA

Klaus vivia numa pequena cidade chamada São Vicente do Sul, aquele tipo de lugar onde todos se conhecem desde a infância, onde as senhoras mais velhas cuidam e zelam pela moral das mais novas, enfim, onde todo mundo sabe e comenta a vida de todo mundo.

Por ser filho desse grupo social ele não poderia ser diferente, além de ser aquele tipo de pessoa que nunca falta numa roda amigos, aquele que faz tudo errado, fala mal de alguém e o alguém está ouvindo (para sua surpresa), comete os furos mais impossíveis que um ser humano seria capaz de cometer. Preconceituoso e azarado, ainda tinha uma característica horrível, apontava sempre os defeitos das namoradas de seus amigos. Isto acontecia talvez por inveja ou por nunca ter ficado com nenhuma das garotas por quem se interessara.

Klaus era detentor de muitas histórias, tudo de hilário e até mesmo bizarro acontecia com ele, motivo pelo qual seus amigos sempre o queriam por perto, pois uma hora ou outra algum fato inusitado aconteceria para divertir o grupo.

Num dia normal de inverno, quando o russo já descia pela paisagem, o destino cruza o caminho de Klaus e Verônica, foi encanto a primeira vista, olhares e desejos sintonizaram-se de tal forma que ele não resistiu e foi atrás dela, pois como nunca tinha visto aquela beleza ali, não podia deixar escapar.

O primeiro contato foi fantástico, o segundo, o terceiro e o quinto também, ele estava apaixonadíssimo, até que aconteceu o primeiro encontro íntimo do casal, foi maravilhoso para ambos e após toda uma noite de êxtase ele se levanta e vai ao banheiro, na volta se depara com Verônica deitada, nua, e pela primeira vez percebe que ela, a sua paixão a primeira vista, era GORDA!

Aquela visão cortou seu peito como um punhal. Como iria apresentar aos amigos aquela gorda, linda, mas gorda, logo ele que sempre criticou as namoradas alheias, só a idéia da pilha dos dos amigos o deixava louco.

A paixão de Klaus por Verônica crescia a cada dia e o tormento da obesidade também, já se passara um mês e ele ainda não havia apresentado a namorada misteriosa ao grupo, que cobrava dele a presença da princesa. Alguns acreditavam que ele inventara o tal amor por estar cansado de levar fora das pretendentes locais.

A pressão foi tanta que Klaus começou a inventar problemas na relação para brigar com Verônica e terminar o namoro, mas ela era perfeita: bonita, meiga, compreensiva, amante, mas GORDA. Ele não conseguia suportar a idéia de desfilar pela cidade com ela, passavam todos os fins de semana em casa, e ela não questionava, aceitava tudo que ele propunha, o que lhe interessava mesmo era estar com Klaus.

Por não agüentar mais a pressão do grupo, e no fundo sua própria pressão, ele resolveu terminar aquela relação antagônica, o preconceito falou mais alto e a loucura de Klaus também. Chegaria para ela e seria sincero, terminaria a relação e poria fim ao seu sofrimento.

Saiu decidido, foi a casa dela com o discurso pronto, mas ao entrar e encarar aqueles olhos que tanto lhe encantara, a coragem escorreu pelas pernas, coração acelerou, e se entregou ao melhor dos sentimentos. Mas essa ilusão durou pouco, ao deixar a casa da amada, voltou a torturar-se e o decidiu que a separação seria mesmo a única saída.

Assim, escreveu uma carta contando tudo e livrando-se de vez daquele tormento. Mas surgiu outro problema, se entregasse a correspondência pessoalmente, teria que encarar aqueles olhos, e temendo não conseguir ignorá-la, esperou o cair da madrugada, foi até a casa de Verônica, colocou a carta por debaixo da porta, voltou correndo para casa, arrumou as malas e fugiu para o Uruguai.

Por um bom tempo ninguém ouviu falar de Klaus, que só retornou a sua cidade quando soube, casualmente, que Verônica lera a carta, não sofrera nada e duas semanas depois do ocorrido foi embora com um caminhoneiro que conhecera numa de suas idas e vindas pela cidade. Já ele, teve que dar muitas explicações e voltou a ser o atrapalhado daquele grupo de uma pequena cidade do interior.

domingo, 19 de julho de 2009

Felicidade é ter amigos como vocês...

Este blog não existiria sem os meus amigos. Além de apoiarem a ideia, é com eles que vivo a maioria das histórias que conto aqui. São eles que lêem, divulgam, criticam, compartilham, colaboram. Dos amigos escuto aventuras, contos, sonhos, loucuras que também viram posts.

Seria impossível e totalmente sem graça fazer este passeio sozinha e por isso, neste dia do amigo, dedico aos meus queridos companheiros todas as sessões do blog. O mínimo que poderia fazer por essa gente bacana que faz parte da minha vida e me ajuda a ser uma pessoa feliz.

Tenho amigos de infância, de trabalho, de teatro, de família, do curso de inglês, e os que chegam por outros amigos.

Tenho amigos de diferentes personalidades, profissões e religiões.

Tenho amigos que vejo quase todos os dias e outros que encontro em ocasiões especiais.

Tenho amigos para viajar pelo mundo ou passar um final de semana em Terê.

Tenho amigos que amanhecem no Bar e são fãs de chopp, e outros que dormem cedo a base de suco de laranja.

Tenho amigos da minha geração e muitos 10 anos mais jovens que eu.
Tenho amigos que moram longe e outros que estão longe.

Tenho amigos para conversar sobre Gossip, Barrados, The OC, e outros que curtem filosofia, cinema novo e jazz.

Tenho amigos para frequentar os botecos de Vila da Penha, os points do Leblon e os restaurantes chiques de Nova Iorque.

Tenho amigos que cresceram comigo nos almoços de Bonsucesso, um outro com quem brincava no play, outros que pegavam praia em frente Barra Bella e depois jogavam boliche no Barra Shopping.

Tenho amigos que dividiam o táxi e percorriam comigo as várias boites da night carioca.

Tenho amigos que trocaram figurinha comigo no pilotis da Puc, dividiram o palco do Hotel Nacional vestido de beca, viveram os anos de ouro da Universidade.

Tenho amigos que conheci na Labuta, nas várias empresas que passei.

Tenho amigos que dividi apartamento, sonhos e problemas.

Tenho amigas que saiam juntas, bebiam juntas, tricotavam juntas: as mulheres de quinta.

Tenho amigos que já subiram a favela e outros com quem frequentei hotéis 5 estrelas.

Tenho amigas que saíram de um MBA e valeram cada tostão de um curso nem tão brilhante.

Tenho amigos casados, separados e solteiros, com e sem filhos.

Tenho amigos de muitos anos e outros bem recentes.

Na verdade, sou privilegiada em dizer que tenho sim uma grande e eclética familia de amigos!

Como em todas as boas famílias, temos diferenças, tiramos ferias uns dos outros e não conseguimos nos encontrar sempre que planejamos.

Mas tenho certeza que por mais que o tempo passe, as coisas aconteçam, a vida corra, são esses amigos parceiros que sempre vão me salvar nas horas dramáticas e com eles também vou brindar as minhas vitórias.

Desejo aos meus queridos amigos felicidade neste dia 20 e sempre. Aproveito para agradecer a eles todo o bem que me fazem e toda a alegria que me trazem!

Feliz Dia do Amigo!

quinta-feira, 9 de julho de 2009

"O destino dos homens é a liberdade."

O amor tinha acabado, o coração que na ultima década vivia preenchido, agora estava completamente vazio.

A sensação de liberdade era enorme, mas o alívio se misturava com a solidão. Assim como os sonhos que se realizam, a liberdade tem o seu preço. Durante nosso passeio pela vida, são momentos como este que nos fazem crescer, chutar o balde, mudar tudo, é do encontro com nós mesmos, que conseguimos tirar as grandes ideias, e ter a coragem necessária para sair da zona de conforto e enfrentar os desafios de uma transformação.

Assim foi, melhor está sendo. Viciada em amor, o período de abstinencia é delicado, fazer o coração entender que agora a liberdade deve tomar conta, precisa de talento e força de vontade, acreditando que os objetivos estão traçados e que o novo só vai chegar feliz se a alma estiver livre para isso. O exercício é árduo, mas vale a pena.

Marina é um exemplo de alma livre. Namorou 10 anos seu melhor amigo, viveu uma paixão avassaladora e um casamento torto. Depois de quase 20 anos, encontrou na ausência de amor, o doce sabor da liberdade. Ouvindo seu coração, descobriu muito mais sobre a felicidade.

Carlos saiu de um casamento de anos perdido. Passou por um momento de muita dor, até que um dia resolveu enxergar a luz da liberdade. Curado de si mesmo, abriu novamente a sua vida para outras experiências. O que até então parecia impossível, simplesmente aconteceu: o medo de ficar consigo mesmo passou e a paz tomou conta de seu ser.

Tati passou quase 7 anos prisioneira de um namoro falido. Ao conseguir dizer adeus, começou a encontrar seus sonhos. Fez novos amigos, passou a dominar e lutar pelas suas opinioes. A cada dia que passa, ouve mais e mais aquilo que um dia achou louco e começa a traçar o seu caminho de sucesso.

Marcelo começou recentemente seu processo de transformar o amor em liberdade, detonado pelo término de um longo relacionamento. Pisando firme, lutando sério, está no rumo certo. Otimista, confiante, escuta os conselhos de seu coração e joga a favor da liberdade, o que já ajuda na travessia do longo caminho que sabe ter pela frente, até o equilíbrio e a paz.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Visões de LAURA

A sombra por definição é a ausência de luz, escuridão, espaço menos iluminado, escuro, obscuridade, mas também pode ser metaforicamente a ausência de conhecimentos, cultura, instrução, liberdade, justiça; obscurantismo, ignorância, despotismo.

Incrível como estamos cercados de gente que literalmente vivem na sombra, ou pior, fazem da sombra a sua vida, e às vezes nem percebemos ou ignoramos porque o mal que destilam não nos atinge.

Quem de nós não tem um colega de trabalho que vive na ou da sombra, um amigo que amamos, mas é 100% sombrio.

A todo o momento vemos no mundo, várias celebridades desse gênero humano, que povoam as manchetes de jornais e revistas e pela velocidade da vida não nos damos conta do tamanho da sua obscuridade.

Claro que não vou assumir a neura de começar aqui uma caça medieval aos sombrios, mas chamo a atenção para os seres opostos, aqueles que são naturalmente formados de luz, a luz da vida e do bem-querer, aqueles que mesmo quando se opõem ao sol e produzem o seu reflexo sombrio, irradia uma fonte inesgotável de energia e alegria ofuscando, assim, os seres obscuros do seu dia a dia.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Problema seu, problema meu...

Problema seu!

Não,
O problema não sou eu. O problema é seu!

Se preferes superficialidade,
o problema é seu!

Se preferes a frieza,
o problema é seu!

Se preferes a falta de carinho,
o problema é seu!

Se preferes o mau caminho,
o problema é seu!

Se preferes a incerteza,
o problema é seu!

Se preferes a falsidade,
o problema é seu!

Problema meu!

Não,
O problema não é seu. O problema sou eu!

Se quero alimentar ilusões,
o problema é meu!

Se me encanta uma sereia,
o problema é meu!

Se vivo de fantasias,
o problema é meu!

Se a mim falta alegrias,
o problema é meu!

Se acho a vida feia,
o problema é meu!

Se me perco em confusões,
o problema é meu!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Nós, os de então, já não somos os mesmos"

Saí do taxi e lá estava ele, sentado em frente ao Braseiro. Fazia 1 ano e seis meses que não nos viamos. Não mudamos quase nada, nem engordamos, nem emagrecemos, os cortes de cabelo e a cor da pele também não estavam tão diferentes do nosso último encontro. Na Gávea, nos despedimos e, por coincidência, estávamos nos reencontrando.

Achei que já estava pronta para enfrentá-lo, afinal, tinha sido um grande amor, o maior de todos e precisei de um tempo para me desligar dele, desintoxicar mesmo. Nos primeiros meses distante, lembro que sonhava com seu cheiro e seu corpo, mas o tempo foi passando, mergulhei minha alma em outras prioridades e enchi a cabeça com novas idéias para compensar sua ausência.

Um dia, já mais segura dos novos projetos, mesmo sem ter colocado outro amor no lugar, senti que poderia abraçá-lo novamente. Foi isso que fizemos assim que os olhares se cruzaram no BG.

Sentamos na varanda do Hipodromo. Entre alguns cigarros e muitos chopps, pouco a pouco fomos colocando os assuntos em dia...fofocas de família, histórias da night, aventuras, viagens, trabalho, novos amores, futuro, objetivos. Pedimos desculpas. Admitimos erros. Apontamos o melhor de cada um. E, de repente, sou surpreendida pela tão esperada declaração de amor. Linda! Mas fiquei chocada ao perceber que não senti frio na barriga e nem vi borboletas coloridas. Pensei calada: acabou.

Mas, foi depois de mais alguns chopps que de fato percebi: todos os motivos que nos separaram ainda estavam lá. Dentro de nós e entre nós. Tão concretos, como um muro, dividindo a mesa do bar.

Nossa essência era a mesma, assim como, a sensação de que a nossa história de amor é ainda importante e, será sempre, inesquecível. Mas estava claro que tinhamos crescido diferentes. Nossos caminhos não se cruzam mais. Nada em comum.

Meus amigos nos encontraram 2 horas depois, na verdade, quando marquei o encontro, ainda tinha medo de cair em tentação e terminar no motel. A fim de evitar deslizes, chamei a turma, que sempre o respeitou, para reencontrá-lo e tomar um chopp.

Ele matou as saudades da galera e logo depois foi embora. Eu fiquei até mais tarde, conversando sobre outros assuntos, sem nem ao menos pensar nele. Me assustou não ter ficado mexida. Me assustou descobrir que agora, de fato, sei que não o amo mais.Me assustou perceber que já posso tomar um chopp com ele, sem ter vontade de beijá-lo.

Zerei!

Deu medo perceber que mudei.

Perceber que estou disposta a encarar o desafio de buscar um outro amor. Não para esquecer alguém, não apenas por carência, mas por vontade de recomeçar, com um alguém com quem possa compartilhar o meu atual olhar, e que possa amar a nova pessoa que me transformei.


*o titulo deste post é uma frase do poeta chileno Pablo Neruda.

terça-feira, 16 de junho de 2009

19-04-1997

Foi neste dia que comecei a viver um grande amor. Era um sábado chuvoso e frio no Rio de Janeiro. Após assistir a uma apresentação do Grupo Nós do Morro, no Centro Cultural dos Correios, Gus, Deise, e eu fomos convidados pelo elenco para tomar uma cerva gelada no Barraco, tradicionalíssimo point no Vidigal.

Animados, participamos de todas as brincadeiras propostas pela turma, entre os limões e a sereia, Gus perdia a conta das doses de whisky que bebia, enquanto Deise se escangalhava de rir com a tentativa do cenógrafo em interpretar os sucessos de Pixinguinha.

Eu, na verdade, esperava ansiosa a chegada do "Principe" que tinha conhecido há 2 semanas e por quem tinha ficado obcecada. O Diego, então com 19 anos (contra os meus 24), era ator do Grupo e naquele momento a razão do meu afeto.

Engraçado essas coisas do coração, não acreditava muito em amor a primeira vista, mas aconteceu comigo. Desde o momento que o vi, fiquei determinada em conquistá-lo. E, neste dia 19 de abril, saimos pela primeira vez, sem pretensão, com gosto de paixão e aventura, começou ali um relacionamento que duraria uma década.

No post de estréia, comentei como aprendi a passear na vida por amor e devo muito disso ao Diego. Durante 10 anos, muitas idas e vindas, sorrisos e lágrimas, momentos de felicidade e outros de dificuldade, ele me ensinou a colocar o chinelo e aproveitar a vida, o presente. Foi ele que me mostrou como era feio reclamar das coisas e como eu deveria dar valor aos meus privilégios. Ele me ajudou a ser uma mulher segura, e a ouvir o meu coração antes de qualquer outra opinião, afinal, a felicidade só é completa quando estamos bem com nós mesmos.

Essa história passou a representar na minha vida não apenas uma paixão, um amor, um namoro ou uma amizade, mas sim uma transformação. Certamente, devo muito da pessoa que sou hoje aos nossos anos de convivencia e a todas as experiências (boas e ruins) que trocamos e compartilhamos.

Foi uma relação sincera, verdadeira, que enfrentou preconceitos, diferenças, traições, dores, prazeres. Foi um amor totalmente humano e real, as vezes parecido com as histórias de Nelson Rodrigues, outras com o romantismo folhetinesco de Janete Clair.

Nos permitimos errar bastante, no meu caso faltou coragem para gritar ao mundo e assumir junto a aristocracia tijucana aquele amor, no dele talvez tenha faltado abrir mão da liberdade, mas isso já não importa mais.

Crescemos diferentes e cada um seguiu o seu caminho, levando na bagagem emocional o melhor do outro. Uma relação que deu certo, que deixou um herança fantástica, que tem as feridas mais que cicatrizadas e que deixou na memória as lembranças de momentos e histórias deliciosas e inesquecíveis.

Se hoje eu assumo que vim ao mundo a passeio, foi porque o Diego "inventou" este conceito e só por isso, a história já teria valido muito a pena, foi ainda mais especial por ter sido uma história de amor, abençoada pelas luzes do Vidigal.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Conversa de Elevador

O sobe-e-desce é mais estranho do que pensamos. Não, o assunto deste post não é a crise nas bolsas de valores ou o sexo pós-Viagra, mas uma prosaica invenção sem a qual nossa vida seria muito mais cansativa (e plana!): o elevador.

No prédio em que trabalho, temos dois elevadores, um ao lado do outro. Tirando o térreo, todos os outros andares têm dois botões de chamada, um para subir, outro para descer.

Há coisa de umas semanas, fiquei impressionado com a capacidade que algumas pessoas têm de apertar o botão “errado”, isto é, o de subir quando querem descer e vice-versa. E não só isso, mas quando o elevador pára, a figura ainda pergunta “tá subindo?”, mesmo com o óbvio e sonoro aviso luminoso do lado de fora, com uma seta apontando para cima.

O que se segue é uma cara de decepção de quem queria descer (então por que apertou o botão de subir?!), além da vontade enorme de responder “não, tá descendo, o elevador é que tá de sacanagem com sua cara com essa seta enorme aí do lado de fora!”.

Bem, daí é que esta semana, pude testemunhar a lógica torta que leva algumas pessoas a cometerem este “erro” dos botões.

Chego para pegar o elevador no 4º andar junto com um dos seguranças da casa, que prontamente aperta o botão de subir. Eu, que quero voltar para minha casinha após um longo dia de labuta, aperto o de descer e comento com ele: “bom, você vai subir e eu quero descer...”.

O elevador chega vindo do térreo e com a seta do lado de fora apontando para cima. Deixo o segurança entrar e penso “pra que passear? Vou tomar uma água no bebedouro aqui do lado e pegar ele na volta”. Ele entra e aperta o botão para o andar que deseja ir. Qual não é minha surpresa que a seta “vira” e passa a apontar para descer? Como assim, a figura não tava subindo? Esqueço a água, interrompo o fechamento da porta, entro e faço exatamente esta pergunta para ele.

Aí vem a explicação que me deixou de queixo caído com sua lógica torta: “não, eu apertei o botão de subir porque o elevador estava no térreo e eu queria que ele subisse para me pegar”. Donde se conclui que, se o elevador estivesse num andar acima e ele quisesse subir, ele apertaria o de descer...

Ah, e ainda tem mais: como são dois elevadores, se um estiver acima e outro abaixo, ele apertaria os dois botões e veria qual chegaria primeiro, não interessa se estivesse subindo ou descendo!

E a histórias de elevadores não param por aí. Não podemos nos esquecer dos que ficam apertando insistentemente o botão, como se isso fosse fazer o dito andar mais rápido; os que entram falando no celular e logo atestam “se a ligação cair é porque estou entrando no elevador”, mas ela não cai e a figura passa a gritar sua conversa para compensar o mau sinal; os que ficam parados bem na porta, não dando espaço para os outros passageiros passarem para entrar ou sair; os que pegam o elevador para subir ou descer apenas um andar.

Mas tudo isso fica para outros posts. Afinal, eu vim ao mundo a passeio, nem que seja para ficar passeando de elevador...

Por Cesar Baima

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Visões de LAURA

O amor é aquela coisa que ninguém sabe definir, uns são práticos outros são dramáticos, tem os que sofrem, tem os cultivam, também tem os que só vêem o lado bom e os que se desiludem. Pode ser fraternal, sensual, sexual, marital, e tantos outros nomes, que em algum momento já ouvimos falar. Mas definir mesmo o que é o amor e como ele acontece não é comum e foi por isso que depois de refletir muito resolvi contar essa historia de amor transcendental, que ouvi por acaso....

Julio tinha 19 anos quando conheceu Samuel, se apaixonaram logo no primeiro momento e começou uma relação de amor intenso, aquele tipo que só vemos em romances de banca de jornal. Tudo corria as mil maravilhas e evoluiu a tal ponto que resolveram dividir não só o amor, como também todo e qualquer plano físico que se fizesse necessário, para consolidar aquela relação: casa, carro, conta bancária, CDs, livros...

A rotina seguia normal não fosse a imaturidade de Julio, que no auge da sua revolução hormonal, mesmo apaixonadíssimo, não evitava encontros sexuais fora do casamento, o que ele mesmo afirmava fazia bem para os dois. O fato é que Samuel não pensava da mesma forma e cada vez que descobria uma “traição” de Julio armava o maior barraco, e os barracos eram tão freqüentes, que depois de quatro anos, eles se separaram e foi viver cada um sua vida.

Julio para mudar radicalmente saiu do Brasil e foi tentar a sorte em outras paragens bem longe do seu amor para apagar da sua alma aquele que nunca mais esqueceria. Já Samuel, ficou por aqui mesmo e não teve muito problema com o coração, pois já vinha a algum tempo se desiludindo com seu parceiro.

Logo depois da separação Samuel conhece Zeca, um cara do bem, centrado, amigo, por quem se apaixona perdidamente e como da vez anterior resolve dividir a vida. Não muito tempo depois, Julio conhece David numa de suas baladas mundo a fora, também se apaixona e também decide dividir a vida.

E mais quatro anos se passam, até que Julio, ansioso por sexo, sai da rotina e se deixa flagrar por David, resultando em mais uma separação e o retorno imediato ao Brasil.

Passado um tempo de sua chegada, numa dessas festas populares, o destino entra em ação e resolve armar uma arapuca, ou quem sabe uma vingança?!

No auge da folia Julio vê um rosto que lhe encara o tempo todo e como não é de deixar escapar foi atrás e ganhou. O que parecia um encontro de festa se transformou em muitos outros encontros e cada vez mais frequentes, até que o amante confessou que vivia seriamente com o namorado há algum tempo, e deu a triste noticia que o namorado, que estava viajando de férias na casa dos pais do outro lado do país, voltaria em uma semana.

Julio, muito prático, pediu uma definição ao amante, sugerindo que passarem a dividir a vida, como sempre foi seu costume. De fato foi o que aconteceu, logo que seu parceiro chegou, o amante pediu a separação. Revoltado o parceiro traído resolveu voltar de vez para a casa de seus pais, mas não sem antes dar um prejuízo no outro, tirando-lhe tudo que pode.

Uma semana depois, Julio se muda de vez para o apartamento de seu novo amor e vivem fantásticos três dias de muita lua de mel, até no quarto dia bem cedo alguém tenta abrir a porta por fora com a chave, não consegue, pois a fechadura tinha sido trocada, mas o intruso nao desiste e começa a fazer um escândalo, falando horrores no corredor do prédio e acordando toda a vizinhança.

Os dois se levantam assustados vão até a porta, Julio olha seu parceiro e faz a clássica pergunta: quem é esse louco? É meu ex responde. Julio então num ímpeto de quem está sendo invadido se adianta e abre a porta para resolver de vez aquele problema.

Qual não foi a surpresa de todos quando ao se encararem falaram juntos: VOCÊ?!?!?!? O Ex era também seu Ex, Samuel, isso mesmo, Julio havia, sem saber, roubado o amor do seu amor. O barraco correu solto até que Samuel resolveu deixar Zeca e Julio em paz e voltou pra sua terra onde vive até hoje.

Zeca e Julio vivem harmoniosamente bem, enfrentando todos os problemas que um casal moderno tem: uma relação mais amadurecida e até onde foi possível perceber sem mais traições ou puladas de cerca.

por Ângelo Soares

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Anti- Socilas

Há uns anos atrás, a Socila era um famoso centro estético, onde as moças da classe média, além de cuidarem da pele, aprendiam boas maneiras. Foi na verdade o grande precursor de Glorinha Kalil no Fantástico, ensinando andar bem, se vestir adequadamente, usar de forma correta todos os talheres e copos em um jantar formal, mas principalmente dava as dicas de como se comportar nas mais diversas ocasiões: casamentos, reuniões de trabalho e até mesmo na casa dos amigos.

A Marina, o João e a Tati são da década que a Socila reinava absoluta e oferecia aulas de etiqueta, porém, apesar de serem super bem educados, os três amigos nunca se preocuparam em seguir a risca as regras da sociedade burguesa. Animados, contam com brilho próprio e uma energia inesgotável, ultrapassando vez por outra, os limites comportamentais, tidos como razoáveis.

Individualmente, os três já batem recordes, colecionando histórias hilárias de como NÃO devem se comportar, mas foi quando se reuniram para comemorar o aniversário de uma amiga em Búzios que ganharam o titulo de Anti-Socilas.

Tudo ia muito bem, até que decidiram virar a madrugada jogando sinuca, tomando cerveja, fumando alguns cigarros e falando da vida. Marina, João e Tati eram os únicos de um grupo de 15 pessoas que estavam acordados, não se viam há algum tempo e o reencontro foi marcado por uma lista de gafes inesquecíveis, que os inspiraram a escrever um Manual do que NÃO deve ser feito quando se está viajando em grupo...

1 -NÃO anunciar a falta de simpatia por banho. Higiene é um assunto delicado e contar aos 4 ventos que não entende direito porque as pessoas tem necessidade de tomar vários banhos por dia e argumentar que é cientificamente provado que sabonete demais faz mal para a pele, pode soar estranho aos que estão ao redor. Manter em segredo a informação que se dá muito bem com o cloro e que depois de um bom banho de piscina não é preciso lavar a cabeça.

2 - Mandatório: NÃO ACORDAR OS AMIGOS com o tom de voz elevado a milhões de decibéis. Manter-se longe do quarto das pessoas e lembrar a toda hora que não é todo mundo que gosta de passar a noite em claro ouvindo histórias do sexo dos anjos.

3 - DE FORMA NENHUMA, NUNCA acordar o caseiro as 07 da manhã para perguntar se há um telefone de delivery de cerveja, pois as 20 latinhas da casa tinham acabado. Lembrar que Búzios é uma cidade turística sim, mas um balneário no interior do estado do Rio e que se é difícil encontrar um delivery de bebida no Leblon, a este horário, é IMPOSSÍVEL conseguir que este serviço esteja disponível em Búzios e, mesmo que tivesse, era muito pouco provável que o caseiro fosse capaz de dar esta informação.

4 - SER EDUCADO E NÃO dizer NUNCA para a anfitriã que as compras de comida foram feitas em quantidade insuficiente, ainda mais quando isto NÃO É VERDADE! Controlar os impulsos e a língua!

5 - NÃO FUMAR dentro da cozinha as 07:30 da manhã, quando os outros convidados, não fumantes, estão fazendo café da manhã. Respeitar o limite dos amigos!

6 - NÃO MEXER nos interruptores da casa durante a bebedeira, pois o caseiro pode acordar cedo para ir ao banheiro e descobrir que ao invés de você ter simplesmente apagado a luz (pois o dia amanheceu), trocou os botões e desligou o REGISTRO DA ÁGUA de toda a casa. A intenção é ótima, mas com a morosidade do raciocínio de um bebum pode trazer péssimas consequências!

7 - NÃO DEMORAR NO BANHEIRO, mais que quatro minutos, depois de uma longa noite de cachaça, levanta suspeita que você pode estar passando mal e escandaliza a funcionária. E não dormir demais, devemos respeitar os horários da casa para a limpeza dos comodos. Ligar sempre o despertador.

8 - NÃO CONTAR aos berros, na piscina, deliberadamente, na frente de pessoas não tão intimas, que vai tomar um remédio para parar de fumar que aumenta consideravelmente o apetite sexual. Anotar: Em alguns momentos DISCRIÇÃO É FUNDAMENTAL!

9 - NÃO BEBER A CHAMPA que a aniversariante ganhou de presente. Lembrar que nem tudo pode ser usado sem o consentimento do dono.

10 - SEMPRE levar no bom humor o post de uma amiga total Anti Socila que resolveu, neste final de semana, orgulhar a mãe, saindo de cena no melhor da festa e, como acabou escapando de cometer seus próprios micos, resolveu se divertir sóbria contando o porre dos outros!

E, para quem chegou ate aqui 2 noticias ineditas : Foi o Joao que teve a ideia brilhante de chamar o Bosco e, pasme, ele tentou antes da Marina. Mas foi discreto e nao se deixou ouvir. Na real, na real, foi ele o grande " responsavel" do babado que agitou a manha de domingo!

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uma toalha para 6...

Alice foi uma menina nascida e criada na zona sul carioca. Criada com todo amor pelo pai arquiteto e a mãe publicitaria, tinha um irmão mais velho, que foi um daqueles anjos que vem ao mundo ensinar o que e amar de verdade. Ele partiu jovem e deixou para Alice como herança uma capacidade enorme de doar seu coração.

Aos 20 anos, a tímida menina Alice já tinha muita historia para contar. Determinada e lutadora, era do tipo amiga da vida dos amigos e a melhor candidata a namorada que qualquer rapaz comprometido poderia querer encontrar...

Betinho aos 22 anos já colecionava vários trofeus no judô. Era popular entre os amigos, bonito, atleta, morava com a mãe, o irmão, a sobrinha e os avós, todos juntos e felizes em um pequeno apartamento em Botafogo.

Foi em um popular boteco no Leblon, entre varias cervejas de garrafa, que eles se viram pela primeira vez. Um amigo em comum os apresentou. O que começou como brincadeira, virou paixão após alguns encontros. Entre flores, jantares românticos e muito tatame, o amor aconteceu e o namoro foi oficializado.

Alice nunca vai esquecer a primeira vez que conheceu a família do namorado. Sua sobrinha fazia 5 anos e a mãe de Betinho resolveu reunir os mais chegados para celebrar. Ao entrar na sala, o primeiro susto. Ao entrar no apartamento, se deparou com uma sala vazia, apenas a mesa do bolo. Todos os convidados eram direcionados para um dos 2 quartos do apartamento.

Ela foi parar sentada na cama de Betinho, ao lado das primas de Minas. O irmão estava sentado no chão e as crianças brincavam dentro da casinha da Monica montada no meio do ambiente. Os salgadinhos estavam gostosos e o refrigerante gelado, a família era calorosa. Falavam alto, eram brincalhões e deixaram a menina tímida super a vontade. Mas curiosa, será que o sofá estava reformando? Ou, quem sabe, a família estava trocando a mobília. Depois de meia hora, esqueceu o assunto e curtiu a festa.

No final de semana seguinte, a menina foi dormir na casa do namorado pela primeira vez. Saíram da festa de um amigo na vizinhança, e como tinham tomado algumas doses de vodka a mais, ela resolveu ficar por lá.

A sala continua sem sofá, e no quarto ela descobriu que Betinho tinha crescido bastante, já que era um rapaz com mais de 1,80, mas sua cama era a mesma desde os 09 anos de idade. Resultado, metade de suas pernas ficavam para fora. Alice achou excêntrico e desta vez perguntou ao rapaz porque ele não comprava uma cama maior. A resposta foi simples...não vejo necessidade, não me importo com o tamanho. Assim, ela virou para o lado e adormeceu. Sem dar muita importância para o fato.

Na manhã seguinte acordou ávida por um banho. Pediu uma toalha e Beto disse que podia usar a que estava pendurada no banheiro. Alice notou que a mesma estava molhada e comentou com o amado. Naturalmente, disse ele, meu irmão, com quem dividia o quarto, deve ter usado. Neste momento, a menina Alice ficou assustada, afinal tinha aprendido que era uma questão de higiene cada um ter a sua própria toalha de banho. Quando comentou com o namorado suas lições de infância, ficou ainda mais surpresa ao ouvir a revelação que naquela casa, onde moravam 6 pessoas, todas dividiam a MESMA toalha.

Indignada Alice pergunta: Como assim, amor, 1 toalha para 6?

Ouve do namorado com tranquilidade que sim. Eles tinham outros jogos de toalha, mas para que se dar o trabalho de usar cada um a sua toalha de banho, se não era incomodo nenhum para a família dividir a mesma?

Apesar dos hábitos diferentes da família de Beto, Alice, totalmente apaixonada, continuava acreditando ter encontrado seu príncipe encantado. Seus pais tradicionais ficavam um pouco aflitos quando eram convidados para as festas na casa do namorado da filha. Mas, por respeito a ela e aos anfitriões, nunca interferiram negativamente.

A família de Beto era unida e mesmo com a sala vazia, todos se reuniam em volta da pequena mesa, sentados em bancos baixos, para fazer as refeicoes. Os pratos, copos e talheres eram diferentes, cada um sobreviveu a um jogo do passado que havia quebrado, ou tinha se perdido ao longo de algumas mudanças.

O que impressionava Alice e que não se tratava de falta de dinheiro, mas sim da cultura daquelas pessoas. Não tinham maquina de lavar, o banheiro não era azulejado, o numero de jogos de cama, mesa e banho era restrito e todos não davam nenhum valor para mudar isso. Ela ate tentou presentear a sogra com um caro conjunto de toalhas de banho. Descobriu depois que ficava no armário guardado para que ela usasse todas as vezes que dormisse por la.

Alice e Betinho ficaram juntos 4 anos e meio. O namoro foi turbulento, com idas e vindas, interrompido por micaretas, carnavais, reveillons. Ate que chegou o dia que a paixão esgotou e cada um resolveu seguir o seu caminho.

A tímida menina cresceu e hoje esta bem mais descolada e resolvida. Se divertiu muito ao contar pela primeira vez numa roda de amigos os estranhos hábitos da família do ex.

Muito raramente encontra Beto, geralmente acompanhado da nova namorada. Sempre o cumprimenta educadamente. Sabe por amigos que ele ainda mora no mesmo apartamento e que a sala ainda não tem moveis.

Acredita que 1 toalha continua sendo usada por todos os membros da família, que agora aumentou. O irmão casou e a esposa mora la também. Parece que tem um bebê e todos continuam felizes dividindo o mesmo quarto, e dormindo na mesma cama que ganharam aos 9 anos de idade.

Nossa Alice por sua vez mora numa bela cobertura no Leblon e fez questão de comprar pelo menos uns 5 jogos de toalha de banho. Prometeu que na sua casa, esta nunca ia faltar...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Visões de Ângelo

Por Laura


Naquele dia ele passou por mim pela primeira vez, o que me marcou muito e detonou minha segurança e o domínio das minhas emoções. Não sosseguei enquanto não descobri quem era, precisava saber seu nome, o que fazia ali, pois frequentava o lugar há muito tempo e nunca tinha visto aquela figura tão interessante.

Aquele homem alto de olhos negros, cabelos levemente despenteados, aproximadamente uns 35 anos, acho que mais ou menos com 1,75m de altura, corpo normal, com certa barriguinha, que dependendo do conjunto tem seu valor, e nesse caso realmente tinha, ou melhor, tem, mas isso não importa agora.

Coincidência ou não, naquele dia, fui até o jardim, coisa que nunca faço, pois vivo apressada. Ao descer as escadas me distraí com a claridade e acabei esbarrando em alguém, quando me virei para pedir desculpas encarei aqueles mesmos olhos que algum tempo antes tanto havia me impressionado. Naquele momento fiquei louca e pensei que era a chance de descobrir quem era aquele homem.

Pedi desculpas e me apresentei, ele retribuiu e se apresentou, - muito prazer Ângelo - vim conhecer o espaço e aproveitei para dar uma volta e explorar o lugar. Começamos a conversar e a partir daí, ficamos amigos e passamos a nos encontrar com regularidade. Foi então que comecei a descobrir quem era aquele cara e porque tinha me encantado tanto.

Ângelo é uma pessoa bastante inteligente, dono de uma solidariedade admirável, senso de humor e generosidade que conquistam quem dele se aproxima, porém, nada é perfeito, sua intolerância e impaciência com algumas situações e algumas pessoas fazem com que ele, graças a Deus, não se aproxime da perfeição, e quando digo intolerância é intolerância mesmo.

Hoje sou suspeita para falar, pois o destino, a vida, Deus, o acaso seja lá o que for, colocou no meu caminho aquele que é e sempre será a minha metade, custei a admitir e confesso já tinha desistido, mas ela realmente existe. Feijão com arroz, café com leite, pão com manteiga, o Gordo e o Magro, Joe’s and Leo’s, a Gata e o Rato, 86 e 99, Tom e Jerry, Tristão e Isolda, Bob pai e Bob filho, o Michet e a Cachorra e para sempre Ângelo e Laura.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Visões de Laura

Depois que li o post do dia 01.05 escrito pela responsável por este blog, que por sinal é maravilhoso e emocionante, parei para refletir sobre o verdadeiro significado do título “Vim ao mundo a passeio”, alguns podem pensar que essa é uma condição privilegiada de alguém que pode se dar ao luxo de fazer o que quiser , a hora que quiser, desfrutar de viagens, mudar daqui pra ali sem sofrer consequências negativas, outros podem invejar e ficar loucos porque queriam também vir pra cá a passeio e não têm a sorte de realizar esse desejo.

Mas o que percebi com este texto sensacional que li é que, vir ao mundo a passeio vai além do material e divertido, está ligado diretamente aos mais nobres sentimentos, a essência do homem: vem ao mundo a passeio aquele que é alegre, aquele que não inveja, aquele que ama acima de todas as coisas, aquele que não se deprime por não ser correspondido no amor, aquele que não considera a sua condição inferior a do outro que está ao lado, aquele que crê, aquele que não faz da sua ansiedade uma arma para encobrir sua incompetência, aquele que homenageia, aquele que sorri, aquele que é generoso, aquele que é sincero,aquele que encara os problemas de frente, aquele que não se martiriza, enfim, só vem ao mundo a passeio aquele que sabe na prática o verdadeiro sentido de ser livre. Parabéns a você que também sabe passear!

Por Angelo Soares

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Home town

Eu adoro a Audrey Hepburn e foi em Sabrina, um dos seus classicos, que conheci a diferenca de nascer em um pais e adotar uma terra natal.

 Sou aquela brasileira que tem muito orgulho de seu pais, bato no peito, visto a camisa em qualquer lugar do mundo que estou. Nasci em Salvador, de frente pro farol da Barra, morei nos estados de Sao Paulo, Minas Gerais, Parana, e no interior do Rio. Alias, depois de alguns anos na cidade maravilhosa, me considero carioca de verdade. Acho o lugar mais lindo do mundo e me emociono todas as vezes que escuto os aplausos do povo quando o aviao pousa no Galeao. Defeito? Vamos combinar que todos nos temos e por isso nao cabe aqui um julgamento negativo.  O Brasil mais que meu pais, e meu porto seguro, onde sempre vao morar as pessoas que mais amo e onde sempre estarao as minhas raizes.

Mas, como Sabrina escolheu Paris (alias bela, bela, bela cidade) como sua home town, eu escolhi LA.

Sei que nem todos gostam dos EUA, outros tantos nao se indentificam com a Cidade dos Anjos, mas foi aqui que encontrei a minha paz. Sim, neste momento escrevo de Los Angeles, no mesmo endereco que ano passado fiquei 3 meses vivendo o momento sabatico, onde fui feliz 100%!

Acho inclusive que descobri aqui que, realmente, tinha vindo ao mundo a passeio e meu olhar sobre a vida ganhou uma forca ainda mais especial. Se acreditava em felicidade antes, em LA tive a prova que ela era concreta.

Ao chegar ontem no LAX (aeroporto internacional) ouvi o comandante dar as boas vindas e comunicar que o dia era quente e de sol. Bobagem, mas me emocionei! Sai de la, peguei o carro e como um passe de magica estava eu de novo na 405 (freeway) vindo para casa. Chego em Westwood, encontro um velho amigo que me hospeda, meia hora depois, outro casal de amigos passa para dar as boas vindas. Mais uma ligacao, outra amiga querida marca um brunch no bairro cool da cidade, a Santa Tereza daqui (o que ela tem toda a razao. cafe espetacular!!). Outras mensagens de texto e de repente mais um chopp agendado, desta vez, no bar do bairro.

Passo no supermercado vizinho, compro as Coronas. Visito Sao Judas, na minha Igreja predileta. Saio para jantar no restaurante hotspot da vez, vejo uma limousine em frente ao predio. Ando pela calcada da fama, almoco na Melrose, passo na produtora que me deu uma chance de estagio para pegar mais um trabalho, vejo o sol se por no rooftop da Hilgard, passeio pelos hills de Hollywood, faco compras no Beverly Centre que de chique so tem o nome,  volto pra casa, escrevo, me arrumo e parto para experimentar mais um cosmopolitan nos bares de West Hollywood.

Um unico pesar, a ausencia dos amigos! Em cada programa, o desejo que estivessem aqui para conhecer a minha terra natal. Exagerado isso?! Pode ser, mas a paz, a identificacao, a tranquilidade, faz com que a gente ultrapasse os limites e viva mais e mais intensamente. Como uma paixao, detona o desejo da companhia dos queridos para compartilhar cada momento.

LA e a minha home town, sem duvidas,  mas talvez  eu nao tivesse descoberto facilmente sem a parceria da Fe Elisa, amiga da vida, roommate, a pessoa que na primavera passada embarcou comigo nesta aventura, quem acreditou que seria legal e com quem vivi cada segundo dos 90 dias que estive por aqui em 2008.  Hoje, ela nao esta fisicamente aqui, apesar de achar que a qualquer momento ela vai entrar pela porta, mas de certa forma, ela e muito  responsavel por esta historia ter se desenrolado tao bem. 

Audrey morou anos na California e Sabrina passou sua temporada na Cidade Luz, vibro a cada oportunidade que tenho de estar aqui e me sentir realizada. 

O passeio pelo mundo ganha uma nova vibracao a cada encontro com minha terra natal, na verdade nada mais, nada menos que um encontro de verdade comigo mesma, afinal, e sempre bom voltar pra casa....

 


domingo, 26 de abril de 2009

Frutos da Juventude

Meu namorado tinha saído do armário e da cidade.

Logo ele, um cara tão legal resolveu chutar o balde do nada, assumir que era gay e destruir meus sonhos de Cinderela.

Tudo bem que a gente já tinha terminado fazia um tempo, mas eu ainda o amava. 
Criada na Tijuca, pais tradicionais, aluna do Marista São José, tinha sido preparada para casar com um menino de família. Como de repente ele poderia mudar todo o cenário? E os nossos planos? Os amigos em comum? Será que eu era uma mulher tão sem sal a ponto de fazer meu namorado virar gay? Quanta prepotência....

Mas, na época, foram muitas as dúvidas, dores e lágrimas que encheram meus dias e noites daquele ano...até que, me sentindo incompetente de lidar com isso sozinha, pedi aos meus pais para fazer análise. Eles foram simpáticos a ideia, mas meu pai sugeriu que antes de procurar um terapeuta, eu poderia realizar um antigo sonho, algo que ele e a minha mãe nunca concordaram que eu fizesse na adolescência, mas que poderia abrir meus horizontes e confortar meu coração despedaçado.... fazer TEATRO! Já que, desde que me entendia por gente, sonhava em brilhar nos palcos e refletores.

Adiei o projeto terapia, peguei toda a minha amargura e me inscrevi no curso de iniciante, que acontecia todas as terças, na Casa de Cultura Laura Alvim.

E, foi no meio deste caos emocional, que esbarro com um aluno pedindo informações da Marilyn Monroe para uma cena que ia rolar na primeira aula. Era o Gus, um jovem vestibulando, recém chegado do sul de Minas Gerais, que detestava o Rio de Janeiro e para se distrair tinha se matriculado também no curso.

Não foi difícil fazer amigos naquele ambiente, mas dentro do grupo Gus e eu ficamos mais próximos e, logo de cara, começamos a viver historias, aventuras, armações. Protagonizamos cenas antológicas no banco de trás de uma limo em Manhattan, e na cabine do DJ no Mostarda da Lagoa. Compartilhamos confissões, sonhos, doenças de família, perda de parentes queridos, garrafas de Chandon, mesas do Barril, Braseiro, Bar d'Hotel. Dividimos quentinhas no Centro da cidade e jantares no Copacabana Palace. Andamos de trator em Santa Rita, tomamos cachaça, brigamos muitos, fizemos escandalos.Contamos moedas no Vidiga e gastamos o que não podíamos no Fashion Mall. Viajamos para os EUA, Búzios, Jataí e Salvador. Viramos madrugada tomando skol no quiosque da praia em dia de lei seca eleitoral. Enlouquecemos um bocado no Rio de Janeiro, com o saldo positivo dele ter se apaixonado pela Cidade Maravilhosa, considerado hoje uma alma carioca.

O Gus foi quem mais me ajudou a apagar as neuras, matar o preconceito tijucano que rondava minha mente, e superar com louvor a opção sexual do meu ex. Afinal, era a vida dele e como uma pessoa razoável, amiga e parceira, o mínimo que eu deveria fazer era entender e apoiar.

Infelizmente, não nasci mesmo para ser atriz, deixei o teatro 6 meses depois, e estava tão leve que acabei não fazendo a tal terapia planejada inicialmente. Até hoje não fiz. Acho super bacana, respeito totalmente quem faz, mas ainda não tive vontade.
Talvez porque já tenha feito indiretamente muitas sessões de análise com os amigos...o Gus por exemplo, me contou que era gay, assim que chegou da regressão, numa noite linda, regada de skol e verdades a beira da Lagoa Rodrigues de Freitas. Graças a Deus num tempo que eu havia amadurecido o suficiente para torcer pelo seu sucesso amoroso, da mesma forma que torço pelo meu.

No post de estreia mencionei ter vivido 2 amores que me ajudaram a ser uma pessoa melhor. Um deles foi este meu namorado. Toda essa historia me ensinou muitas coisas e ainda me levou ao teatro, ao Gus, e a riscar pra sempre a palavra culpa do meu dicionário emocional.

Graças a ele e a sua experiência, me considero uma mulher mais interessante, sem tantos conceitos pre-estabelecidos. 

E, não por acaso, hoje é aniversario do Gus, o 13 que participo. Como ainda não comprei um presente oficial, resolvi escrever um pouquinho sobre a nossa historia, como uma forma de agradecê-lo pela ajuda do passado, pela nossa amizade (adoravelmente humana, com seus altos e baixos) e para desejar que a gente continue junto, aprontando por ai e escrevendo mais e mais momentos inesquecíveis.




quarta-feira, 22 de abril de 2009

ANGELO SOARES

Confesso que continuo me roendo de curiosidade para saber quem e o autor (a) dos textos que tenho recebido por  e-mail.

Ja interroguei alguns amigos que negaram veementemente estarem contribuindo tao criativamente com o blog.

De qualquer maneira, como falei antes, e um prazer ter um colaborador (a) como o Angelo!

Segue seu texto de estreia!

Espero que gostem!!! Aguardo mais adesões.

Beijos,
Claudia

Visões de LAURA

Quando entrei na sala Tia Vera estava apavorada, ouvira da empregada da vizinha uma história que para mim não fazia nenhum sentido. A dita vizinha é chegada ao batuque do Candomblé, nada contra que fique bem claro, mas o fato merece destaque. Pois bem, a empregada Elza, uma senhora de sessenta anos, criada nos mais tradicionais preceitos do evangelho, era testemunha de Jeová e foi trabalhar justo numa casa, onde a patroa também praticava tudo aquilo que Elza acreditava ser coisa do “Demo”.

Um belo dia, já tendo passado por situações que a fez ler alguns versículos da Bíblia de trás pra frente e de frente pra trás, se deparou com a patroa colocando na entrada principal da casa uma carranca de aproximadamente uns 15 cm. A patroa recomendou a empregada que não mexesse pois o totem não poderia ser tocado por ninguém além dela, e assim a empregada o fez por um longo tempo.  Ate um dia, que na empolgação da limpeza, Elza varreu com vontade a estatueta que foi parar do outro lado do hall de entrada.

O desespero abateu-se sobre ela e sem saber o que fazer chamou Tia Vera para ajudar. Minha Tia, outra medrosa, se negou a tocar no objeto e disse que ele era responsabilidade de Elza.  Num rompante de muita coragem e chamando por Jesus, a empregada recolocou a feiúra de madeira no lugar.

A partir desse dia a vida de Elza nunca mais foi a mesma, tudo que dava errado culpava a carranca, e a neura foi evoluindo de tal maneira que ela começou a ouvir a coisa falar.

Segundo ela, a estatua lhe dizia coisas horríveis. Quando passava pela porta, jurava que “a cuja” gargalhava e praguejava. Ela chegou a afirmar para Tia Vera que a tal carranca mudava de lugar todos os dias só para lhe confundir.

A situação chegou a um limite que Elza não agüentou mais, contou para a patroa o que havia acontecido e pediu as contas. A patroa explicou-lhe que a estátua era apenas um símbolo de proteção e que o que ela ouvia era fruto de sua imaginação medrosa. Nada do que disse a patroa dissuadiu a empregada de ir embora.

Tia Elza até hoje passa batida pela porta da vizinha sem olhar para a estátua com medo que  a qualquer momento ela se mova ou gargalhe exibindo seus dentes talhados e pintados de branco.

O que mais me chama a atenção nessa situação é como o medo pode tornar real aquilo que vive somente no nosso subconsciente, assim como a empregada deu vida a carranca, quantos de nós não damos vida às carrancas que a vida nos impõe.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Revista da TV - Gossip Girl

Eu sou fã assumida e A-D-O-R-E-I a matéria de capa da Revista da TV deste domingo.

Divertida, inteligente e glamorosa como a série, ilustrada com ótimas fotos e um eficiente serviço de como conhecer as locações, em pouco tempo e gastando quase nada!

Congrats Queen M! Nice job!

XOXO

C.

NOVIDADE

Desde sempre, eu sonhava em dividir este blog com alguns colaboradores.

Hoje, recebi por e-mail (como indicado no post de Estréia) o texto e o perfil do Ângelo Soares.

Não o conheço (e ele menciona que não quer se identificar), mas ele me conquistou já com o título (por ter o nome que gostaria de dar a minha filha), seguido de um texto inteligente, interessante e cheio de atitude que será postado amanhã.

Assim Ângelo passa a encabeçar a lista de companheiros de passeio, que espero ser extensa e contar com a presença de todos vocês.

Seja quem for meu novo amigo, será um prazer compartilhar este espaço com as suas reflexões sobre a vida.

Seja bem vindo!!!

Beijão,

Claudia

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Minha Tia Conga

Eu não estava brincando quando disse no post de Estréia que aprendo muito com meus amigos sobre a alma humana.

Era uma sexta-feira e já passava da meia noite quando, entre taças de vinho, copos de cerveja e maços de Carlton, a roda de amigos não segura a gargalhada com a declaração do Maurinho:

Vocês sabiam que minha Tia foi Conga?!

Todos: Como assim Conga? No Parque de Diversões? A mulher que se transformava em Gorila?

Mauro: Essa mesmo. Só que ela trabalhava no Circo...

... Neide é irmã caçula de Dona Zuleica (mãe do Mauro). Hoje é uma senhora recatada de 73 anos, mas na década de 60, enquanto bem longe daqui as mulheres queimavam sutiãs, Tia Neide fez a sua parte pela liberdade da classe feminina, quando deixou marido e 5 filhas pequenas para trabalhar no circo.

Naqueles tempos, o universo de uma mulher de 30 anos, sem estudo, casada com um português milionário, mas totalmente ignorante era muito limitado. Neide era prisioneira da própria vida e da família do marido, imigrantes que vieram para o Brasil com a Corte e gerações depois mantinham a cultura "Carlota Joaquina" de tratar as pessoas.

Diante deste cenário repressor, restava a Neide apenas seus sonhos. Era frequente ela acordar no meio da noite, pensando como seria sua fuga. Se imaginava saindo pelo portão de ferro e dando seu grito de liberdade. Jurava que depois deste dia, nunca mais pisaria em Piedade.

Mas, apesar de frequente, com o passar dos anos, o sonho de liberdade ia ficando cada dia mais reprimido e distante....

Até o dia que o circo parou no bairro.

O desejo de ir além do horizonte de Piedade foi maior que tudo e tomada pela paixão de ser ela mesma, Neide aceita a única vaga de emprego disponível naquele momento: CONGA - A MULHER GORILA.

Ela sabia que assumir este personagem, significava abandonar a família tradicional e começar uma nova história.

E, assim ela fez.... seguiu com o circo mundo a fora, ganhando a vida de forma honesta, mas inusitada: A bela mulher fica atrás das grades de biquíni, e ao som de uma narração macabra, transforma-se em Conga, A Mulher Gorila. A fera arrebenta a porta da cela, a fim de amedrontar os espectadores.

Para a tranqüilidade de todos, o final era feliz! Domada pelo apresentador, a fera volta a ser uma bela e está pronta, em poucos minutos, para outra sessão do espetáculo.

Neide conheceu o mundo, passou fome, teve vários amores e um dia largou o circo. Cansada da vida mambembe, retomava aos poucos o contato com as filhas e foi trabalhar de chapeleira, em um inferninho perto da rodoviária.

Nesta época, casou pela segunda vez, com um homem decente, funcionário público, com quem teve uma vida digna e feliz. Mas, ele acabou morrendo cedo, deixando a ex artista de circo cheia de dívidas.

Não tinha muito tempo de sua viuvez, quando Neide foi surpreendida pela noticia que o pai de suas filhas, o milionário ignorante português, marido que abandonou na juventude, estava nas últimas.

Ao visitar o ex-companheiro no leito de morte, descobriu que ele deixara tudo tinha de herança para ela. Nunca vamos saber se João fez isso por amor, ou movido a vingança de mostrar a Neide que apesar de todos os passeios pela vida ela nunca tinha se desprendido de verdade de suas raízes. Doce ou amargo, a vontade de João imperou.

A ex Conga, apesar da promessa, mora em Piedade, na mesma casa que abandonara na juventude. No terreno moram as 5 filhas, casadas, solteiras, separadas e todos os 12 netos.

Cercada da família, Neide hoje sai muito pouco e como a fera que se transforma eternamente em bela, ignora o passado. Ninguém lembra, ninguém comenta, simplesmente nunca existiu.

FÃS DE GOSSIP GIRL

A Mirelle confirmou que a matéria sobre o seriado sai neste domingo na Revista da TV. IMPERDÍVEL!!!!!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Partida

Há anos atrás, nosso grupo de faculdade acompanhava fervorosamente as aventuras de Brendon, Brenda e a turma do 90210. Mais do que fãs, as nossas vidas e aventuras eram inspiradas nestes personagens.

Muitos anos se passaram, o seriado original acabou e ano passado ganhou uma nova versão (que eu acho até meio sem graça), mas a boa nova é que o nosso grupo de faculdade continua amigo e unido como naqueles tempos. É verdade que algumas coisas mudaram, mas a amizade continua de pé e de certa forma, as vezes, ainda nos comportamos um pouco como a turma de 90210.

Por isso, me lembrei de um dos episódios mais emocionantes da série, quando Brendon, um dos protagonistas, arruma as malas e parte de Beverly Hills a fim de começar uma nova história do outro lados dos EUA.

Ontem, a Sandrinha, uma das protagonistas do nosso grupo da PUC, arrumou as malas e partiu para uma nova vida em João Pessoa. É engraçado que por mais que a gente não se veja, nem se fale todos os dias, temos sempre a sensação que aquela pessoa está perto. Quando ela se vai, mesmo que seja para recomeçar uma vida nova, fica sempre aquele vazio, que em português chamamos brilhantemente de saudades....

Assim como Brendon, a Sandra viveu muitas aventuras por aqui e levou na bagagem várias histórias para contar. Mas, eu sou fã das mudanças e dos desafios, por isso, acho necessário fazer este exercício sempre. Só assim, a gente se renova.

É com os dedos cruzados e torcendo sempre pelo seu sucesso, desejo que esta nova etapa seja de apagar o passado, aproveitar o presente e construir um futuro de grandes realizações.

Bom passeio pela vida, Sandra! Felicidades!

Tomo a liberdade de assinar o post, como AMIGOS PDG!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Rapidinhas

Obrigada pelos comentários, críticas e sugestões sobre o blog. É sempre muito legal receber a atenção e o carinho dos amigos em nossos projetos!!!

O meu perfil foi escrito sem pontos, virgulas ou paragrafos, numa homenagem ousada ao mestre Saramago.

O intervalo entre os posts será menor, o de Estréia foi mais longo para dar tempo de divulgar!

Dica: Para curar a ressaca de uma longa noitada que combinou casório animado, taças de prosseco, shots de vodka, saideiras de cerveja....nada como caldo de Piranha e arroz de polvo!

Inesquecível: O debut de Barbara na sociedade serrana. Parabéns pelos 2 meses de vida!!

E, fica a pergunta que não quer calar: Em que filme estreou Dakota Fanning?

Vem ai...."Minha Tia Conga"

terça-feira, 31 de março de 2009

Estréia

Se eu vim mesmo ao mundo a passeio? Acho que sim e explico....

Ainda não andei de Balão, mas acho sensacional a idéia de acender uma chama e subir, ter a capacidade de controlar os movimentos de acordo com o vento. Se locomover com a liberdade de enxergar o macro. Mas estar preparado para uma micro surpresa da mãe natureza que pode mudar o curso da história.

Não freqüento a praia, mas amo viver em uma cidade que tem oceano. Toda vez que vejo o mar sempre imagino aonde ele vai me levar. Gosto da idéia de deixar o porto seguro em direção ao desconhecido. Me sinto livre. Apesar do medo do que pode vir adiante, tenho fascínio pela idéia de ir em frente, ir além, rumo ao novo e surpreendente.

Acho incrível como a vida da gente é uma imitação da sábia natureza. Deixamos pegadas na beira do mar e as ondas vêm e as apagam sem deixar nenhuma marca. Admiro cada vez mais as pessoas que conseguem andar de chinelo, relaxado com o presente, a vontade para olhar o futuro e confortável com o passado. Acho sensacionais as pessoas que tem a capacidade de deixar o passado no lugar do passado, tanto para as coisas boas como para os desafios, e que não carregam mágoas, frustrações, deixam o mar levá-las para longe e esperam de bom grado, pacientemente, o novo. Para mim, essa é a verdadeira liberdade de passear pela vida.

Aliás, comecei a construir este conceito ainda infância. Meus pais embora tradicionais e exigentes me ensinaram a importância do limite e do respeito, mas sem tolir a liberdade de ser eu mesma. Foi com eles que aprendi a sonhar e que só com atitudes os sonhos se tornavam realidade.

Lembram do Menudo, um grupo latino que fez o maior sucesso na segunda metade da década de 80? Aquele que lançou o Rick Martin? Eu era apaixonada por eles, fã de carteirinha e um dia a minha mãe leu na Revista Contigo que eles estavam promovendo um encontro com os fãs brasileiros. O pacote incluía uma noite no extinto Hotel Nacional, 1 hora com os integrantes do grupo e uma ida ao show do Maracanazinho de cadeira especial. Acreditem se quiser, meus pais acharam ótimo este ser o meu presente de aniversário e de repente lá estava eu, ao lado da minha mãe, fotografando, pegando autógrafos (o do Rick Martin está guardando até hoje), e cumprimentando os meus super ídolos.

Muita gente pode achar isso tudo uma bobagem, jogar dinheiro fora, mas eles não, nunca se preocuparam muito em seguir comentários dos vizinhos, mas sim em nos ensinar coisas para encarar as surpresas boas e os percalços do caminho. Lá em casa as regras sempre foram: reclame o mínimo possível de qualquer assunto, sua vida é muito boa e privilegiada para tal; seja generoso, ajude o próximo, valorize cada momento e agradeça a oportunidade de vivê-lo. O mais importante: não se compare com ninguém, em nenhum aspecto. Faça o seu exercício e viva a sua vida dignamente.

Depois do aprendizado inicial com a família, vivi dois grandes amores que me ensinaram mais alguns truques para encarar a vida como um grande passeio...foi com eles que aprendi a descer do salto arrogante, do olhar superior, crítico e preconceituoso que às vezes temos do que nos cerca. Por amor aprendi a calçar o chinelo de dedo e andar sem pressa, sem temor. Aprendi a curtir o presente, me livrar da ignorância e do medo do desconhecido e a enxergar o que está dentro de mim. Aprendi que a minha vida podia ser muito mais interessante se eu a construísse sem frustrações e arrependimentos. Aprendi que a nossa caminhada é igual à areia da praia, às vezes a gente afunda, mas com determinação da para seguir adiante. Os amores me ensinaram que apesar dos sentimentos acabarem, o que importa é o bem que fizeram e a herança que deixaram.

Ao longo da caminhada, fiz e tenho feito amigos muito especiais, alguns vieram ao mundo a passeio, outros não...mas é esta diferença que torna prazerosa a nossa convivência. Vivemos várias histórias de amor, drama e terror. Fazemos planos impossíveis. Realizamos sonhos. Temos debates polêmicos e outros superficiais. Tomamos coca-cola no Mc Donald´s, saideiras e saiderrrrissimas no Jobi. Enfrentamos desafios e momentos enlouquecedores. Gargalhamos e choramos juntos.

Mas o legal é que ao mesmo tempo que compartilhamos o prazer de viver alguma situação, temos um olhar e opiniões completamente diferentes. Através dos meus amigos, tenho a chance diária de aprender mais e mais sobre a alma humana.

Acho que vir ao mundo a passeio é ter várias válvulas de escape do cotidiano. O que mais gosto de fazer para isso é viajar. Muito. Para qualquer lugar. Conhecer o mundo e o interior de São Paulo. Mas às vezes o tempo e a grana não são suficientes e ai, faço a minha viagem no mundo da imaginação. Para isso recorro aos livros, às peças de teatro, aos filmes, e principalmente as séries de TV.

Sem me preocupar se é romance, drama ou ficção cientifica, quando tudo fica meio cinza, meio chato, são eles que me salvam. É assim que escapo da rotina, alimento as minhas idéias, renovo os meus sonhos e me encho de coragem e energia para persegui-los.

Falando em sonho, este blog é a realização de um antigo. Estou animadíssima com a produção dele (que só foi possível graças a paciência e ao talento da Sandrinha que cuidou carinhosamente do visual, superando as minhas expectativas).

Espero que gostem e participem ativamente. A idéia é que seja um espaço democrático, onde a gente possa contar histórias, compartilhar experiências, comentar sobre estréias interessantes e viagens inesquecíveis.

O blog está aberto aos amigos que quiserem postar, basta me mandar o texto e um pequeno perfil de vocês por email (claudia.ciuffo@gmail.com) que será publicado com o maior prazer. Só tenho um pedido: o preconceito, o radicalismo e o baixo astral não estão convidados a participar do nosso encontro.

Afinal, a proposta é fazermos um passeio interessante, divertido e muito bem humorado. Vamos aproveitar este momento para ler a vida de uma maneira mais leve, mais livre. Macro como no passeio de balão, surpreendente como sair do porto seguro, rumo ao horizonte e feliz ao optar por não olhar mais para o passado e focar nas pegadas do presente e nas surpresas do futuro.

Conto com vocês.

Beijão,

Claudinha