domingo, 26 de abril de 2009

Frutos da Juventude

Meu namorado tinha saído do armário e da cidade.

Logo ele, um cara tão legal resolveu chutar o balde do nada, assumir que era gay e destruir meus sonhos de Cinderela.

Tudo bem que a gente já tinha terminado fazia um tempo, mas eu ainda o amava. 
Criada na Tijuca, pais tradicionais, aluna do Marista São José, tinha sido preparada para casar com um menino de família. Como de repente ele poderia mudar todo o cenário? E os nossos planos? Os amigos em comum? Será que eu era uma mulher tão sem sal a ponto de fazer meu namorado virar gay? Quanta prepotência....

Mas, na época, foram muitas as dúvidas, dores e lágrimas que encheram meus dias e noites daquele ano...até que, me sentindo incompetente de lidar com isso sozinha, pedi aos meus pais para fazer análise. Eles foram simpáticos a ideia, mas meu pai sugeriu que antes de procurar um terapeuta, eu poderia realizar um antigo sonho, algo que ele e a minha mãe nunca concordaram que eu fizesse na adolescência, mas que poderia abrir meus horizontes e confortar meu coração despedaçado.... fazer TEATRO! Já que, desde que me entendia por gente, sonhava em brilhar nos palcos e refletores.

Adiei o projeto terapia, peguei toda a minha amargura e me inscrevi no curso de iniciante, que acontecia todas as terças, na Casa de Cultura Laura Alvim.

E, foi no meio deste caos emocional, que esbarro com um aluno pedindo informações da Marilyn Monroe para uma cena que ia rolar na primeira aula. Era o Gus, um jovem vestibulando, recém chegado do sul de Minas Gerais, que detestava o Rio de Janeiro e para se distrair tinha se matriculado também no curso.

Não foi difícil fazer amigos naquele ambiente, mas dentro do grupo Gus e eu ficamos mais próximos e, logo de cara, começamos a viver historias, aventuras, armações. Protagonizamos cenas antológicas no banco de trás de uma limo em Manhattan, e na cabine do DJ no Mostarda da Lagoa. Compartilhamos confissões, sonhos, doenças de família, perda de parentes queridos, garrafas de Chandon, mesas do Barril, Braseiro, Bar d'Hotel. Dividimos quentinhas no Centro da cidade e jantares no Copacabana Palace. Andamos de trator em Santa Rita, tomamos cachaça, brigamos muitos, fizemos escandalos.Contamos moedas no Vidiga e gastamos o que não podíamos no Fashion Mall. Viajamos para os EUA, Búzios, Jataí e Salvador. Viramos madrugada tomando skol no quiosque da praia em dia de lei seca eleitoral. Enlouquecemos um bocado no Rio de Janeiro, com o saldo positivo dele ter se apaixonado pela Cidade Maravilhosa, considerado hoje uma alma carioca.

O Gus foi quem mais me ajudou a apagar as neuras, matar o preconceito tijucano que rondava minha mente, e superar com louvor a opção sexual do meu ex. Afinal, era a vida dele e como uma pessoa razoável, amiga e parceira, o mínimo que eu deveria fazer era entender e apoiar.

Infelizmente, não nasci mesmo para ser atriz, deixei o teatro 6 meses depois, e estava tão leve que acabei não fazendo a tal terapia planejada inicialmente. Até hoje não fiz. Acho super bacana, respeito totalmente quem faz, mas ainda não tive vontade.
Talvez porque já tenha feito indiretamente muitas sessões de análise com os amigos...o Gus por exemplo, me contou que era gay, assim que chegou da regressão, numa noite linda, regada de skol e verdades a beira da Lagoa Rodrigues de Freitas. Graças a Deus num tempo que eu havia amadurecido o suficiente para torcer pelo seu sucesso amoroso, da mesma forma que torço pelo meu.

No post de estreia mencionei ter vivido 2 amores que me ajudaram a ser uma pessoa melhor. Um deles foi este meu namorado. Toda essa historia me ensinou muitas coisas e ainda me levou ao teatro, ao Gus, e a riscar pra sempre a palavra culpa do meu dicionário emocional.

Graças a ele e a sua experiência, me considero uma mulher mais interessante, sem tantos conceitos pre-estabelecidos. 

E, não por acaso, hoje é aniversario do Gus, o 13 que participo. Como ainda não comprei um presente oficial, resolvi escrever um pouquinho sobre a nossa historia, como uma forma de agradecê-lo pela ajuda do passado, pela nossa amizade (adoravelmente humana, com seus altos e baixos) e para desejar que a gente continue junto, aprontando por ai e escrevendo mais e mais momentos inesquecíveis.




quarta-feira, 22 de abril de 2009

ANGELO SOARES

Confesso que continuo me roendo de curiosidade para saber quem e o autor (a) dos textos que tenho recebido por  e-mail.

Ja interroguei alguns amigos que negaram veementemente estarem contribuindo tao criativamente com o blog.

De qualquer maneira, como falei antes, e um prazer ter um colaborador (a) como o Angelo!

Segue seu texto de estreia!

Espero que gostem!!! Aguardo mais adesões.

Beijos,
Claudia

Visões de LAURA

Quando entrei na sala Tia Vera estava apavorada, ouvira da empregada da vizinha uma história que para mim não fazia nenhum sentido. A dita vizinha é chegada ao batuque do Candomblé, nada contra que fique bem claro, mas o fato merece destaque. Pois bem, a empregada Elza, uma senhora de sessenta anos, criada nos mais tradicionais preceitos do evangelho, era testemunha de Jeová e foi trabalhar justo numa casa, onde a patroa também praticava tudo aquilo que Elza acreditava ser coisa do “Demo”.

Um belo dia, já tendo passado por situações que a fez ler alguns versículos da Bíblia de trás pra frente e de frente pra trás, se deparou com a patroa colocando na entrada principal da casa uma carranca de aproximadamente uns 15 cm. A patroa recomendou a empregada que não mexesse pois o totem não poderia ser tocado por ninguém além dela, e assim a empregada o fez por um longo tempo.  Ate um dia, que na empolgação da limpeza, Elza varreu com vontade a estatueta que foi parar do outro lado do hall de entrada.

O desespero abateu-se sobre ela e sem saber o que fazer chamou Tia Vera para ajudar. Minha Tia, outra medrosa, se negou a tocar no objeto e disse que ele era responsabilidade de Elza.  Num rompante de muita coragem e chamando por Jesus, a empregada recolocou a feiúra de madeira no lugar.

A partir desse dia a vida de Elza nunca mais foi a mesma, tudo que dava errado culpava a carranca, e a neura foi evoluindo de tal maneira que ela começou a ouvir a coisa falar.

Segundo ela, a estatua lhe dizia coisas horríveis. Quando passava pela porta, jurava que “a cuja” gargalhava e praguejava. Ela chegou a afirmar para Tia Vera que a tal carranca mudava de lugar todos os dias só para lhe confundir.

A situação chegou a um limite que Elza não agüentou mais, contou para a patroa o que havia acontecido e pediu as contas. A patroa explicou-lhe que a estátua era apenas um símbolo de proteção e que o que ela ouvia era fruto de sua imaginação medrosa. Nada do que disse a patroa dissuadiu a empregada de ir embora.

Tia Elza até hoje passa batida pela porta da vizinha sem olhar para a estátua com medo que  a qualquer momento ela se mova ou gargalhe exibindo seus dentes talhados e pintados de branco.

O que mais me chama a atenção nessa situação é como o medo pode tornar real aquilo que vive somente no nosso subconsciente, assim como a empregada deu vida a carranca, quantos de nós não damos vida às carrancas que a vida nos impõe.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Revista da TV - Gossip Girl

Eu sou fã assumida e A-D-O-R-E-I a matéria de capa da Revista da TV deste domingo.

Divertida, inteligente e glamorosa como a série, ilustrada com ótimas fotos e um eficiente serviço de como conhecer as locações, em pouco tempo e gastando quase nada!

Congrats Queen M! Nice job!

XOXO

C.

NOVIDADE

Desde sempre, eu sonhava em dividir este blog com alguns colaboradores.

Hoje, recebi por e-mail (como indicado no post de Estréia) o texto e o perfil do Ângelo Soares.

Não o conheço (e ele menciona que não quer se identificar), mas ele me conquistou já com o título (por ter o nome que gostaria de dar a minha filha), seguido de um texto inteligente, interessante e cheio de atitude que será postado amanhã.

Assim Ângelo passa a encabeçar a lista de companheiros de passeio, que espero ser extensa e contar com a presença de todos vocês.

Seja quem for meu novo amigo, será um prazer compartilhar este espaço com as suas reflexões sobre a vida.

Seja bem vindo!!!

Beijão,

Claudia

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Minha Tia Conga

Eu não estava brincando quando disse no post de Estréia que aprendo muito com meus amigos sobre a alma humana.

Era uma sexta-feira e já passava da meia noite quando, entre taças de vinho, copos de cerveja e maços de Carlton, a roda de amigos não segura a gargalhada com a declaração do Maurinho:

Vocês sabiam que minha Tia foi Conga?!

Todos: Como assim Conga? No Parque de Diversões? A mulher que se transformava em Gorila?

Mauro: Essa mesmo. Só que ela trabalhava no Circo...

... Neide é irmã caçula de Dona Zuleica (mãe do Mauro). Hoje é uma senhora recatada de 73 anos, mas na década de 60, enquanto bem longe daqui as mulheres queimavam sutiãs, Tia Neide fez a sua parte pela liberdade da classe feminina, quando deixou marido e 5 filhas pequenas para trabalhar no circo.

Naqueles tempos, o universo de uma mulher de 30 anos, sem estudo, casada com um português milionário, mas totalmente ignorante era muito limitado. Neide era prisioneira da própria vida e da família do marido, imigrantes que vieram para o Brasil com a Corte e gerações depois mantinham a cultura "Carlota Joaquina" de tratar as pessoas.

Diante deste cenário repressor, restava a Neide apenas seus sonhos. Era frequente ela acordar no meio da noite, pensando como seria sua fuga. Se imaginava saindo pelo portão de ferro e dando seu grito de liberdade. Jurava que depois deste dia, nunca mais pisaria em Piedade.

Mas, apesar de frequente, com o passar dos anos, o sonho de liberdade ia ficando cada dia mais reprimido e distante....

Até o dia que o circo parou no bairro.

O desejo de ir além do horizonte de Piedade foi maior que tudo e tomada pela paixão de ser ela mesma, Neide aceita a única vaga de emprego disponível naquele momento: CONGA - A MULHER GORILA.

Ela sabia que assumir este personagem, significava abandonar a família tradicional e começar uma nova história.

E, assim ela fez.... seguiu com o circo mundo a fora, ganhando a vida de forma honesta, mas inusitada: A bela mulher fica atrás das grades de biquíni, e ao som de uma narração macabra, transforma-se em Conga, A Mulher Gorila. A fera arrebenta a porta da cela, a fim de amedrontar os espectadores.

Para a tranqüilidade de todos, o final era feliz! Domada pelo apresentador, a fera volta a ser uma bela e está pronta, em poucos minutos, para outra sessão do espetáculo.

Neide conheceu o mundo, passou fome, teve vários amores e um dia largou o circo. Cansada da vida mambembe, retomava aos poucos o contato com as filhas e foi trabalhar de chapeleira, em um inferninho perto da rodoviária.

Nesta época, casou pela segunda vez, com um homem decente, funcionário público, com quem teve uma vida digna e feliz. Mas, ele acabou morrendo cedo, deixando a ex artista de circo cheia de dívidas.

Não tinha muito tempo de sua viuvez, quando Neide foi surpreendida pela noticia que o pai de suas filhas, o milionário ignorante português, marido que abandonou na juventude, estava nas últimas.

Ao visitar o ex-companheiro no leito de morte, descobriu que ele deixara tudo tinha de herança para ela. Nunca vamos saber se João fez isso por amor, ou movido a vingança de mostrar a Neide que apesar de todos os passeios pela vida ela nunca tinha se desprendido de verdade de suas raízes. Doce ou amargo, a vontade de João imperou.

A ex Conga, apesar da promessa, mora em Piedade, na mesma casa que abandonara na juventude. No terreno moram as 5 filhas, casadas, solteiras, separadas e todos os 12 netos.

Cercada da família, Neide hoje sai muito pouco e como a fera que se transforma eternamente em bela, ignora o passado. Ninguém lembra, ninguém comenta, simplesmente nunca existiu.

FÃS DE GOSSIP GIRL

A Mirelle confirmou que a matéria sobre o seriado sai neste domingo na Revista da TV. IMPERDÍVEL!!!!!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Partida

Há anos atrás, nosso grupo de faculdade acompanhava fervorosamente as aventuras de Brendon, Brenda e a turma do 90210. Mais do que fãs, as nossas vidas e aventuras eram inspiradas nestes personagens.

Muitos anos se passaram, o seriado original acabou e ano passado ganhou uma nova versão (que eu acho até meio sem graça), mas a boa nova é que o nosso grupo de faculdade continua amigo e unido como naqueles tempos. É verdade que algumas coisas mudaram, mas a amizade continua de pé e de certa forma, as vezes, ainda nos comportamos um pouco como a turma de 90210.

Por isso, me lembrei de um dos episódios mais emocionantes da série, quando Brendon, um dos protagonistas, arruma as malas e parte de Beverly Hills a fim de começar uma nova história do outro lados dos EUA.

Ontem, a Sandrinha, uma das protagonistas do nosso grupo da PUC, arrumou as malas e partiu para uma nova vida em João Pessoa. É engraçado que por mais que a gente não se veja, nem se fale todos os dias, temos sempre a sensação que aquela pessoa está perto. Quando ela se vai, mesmo que seja para recomeçar uma vida nova, fica sempre aquele vazio, que em português chamamos brilhantemente de saudades....

Assim como Brendon, a Sandra viveu muitas aventuras por aqui e levou na bagagem várias histórias para contar. Mas, eu sou fã das mudanças e dos desafios, por isso, acho necessário fazer este exercício sempre. Só assim, a gente se renova.

É com os dedos cruzados e torcendo sempre pelo seu sucesso, desejo que esta nova etapa seja de apagar o passado, aproveitar o presente e construir um futuro de grandes realizações.

Bom passeio pela vida, Sandra! Felicidades!

Tomo a liberdade de assinar o post, como AMIGOS PDG!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Rapidinhas

Obrigada pelos comentários, críticas e sugestões sobre o blog. É sempre muito legal receber a atenção e o carinho dos amigos em nossos projetos!!!

O meu perfil foi escrito sem pontos, virgulas ou paragrafos, numa homenagem ousada ao mestre Saramago.

O intervalo entre os posts será menor, o de Estréia foi mais longo para dar tempo de divulgar!

Dica: Para curar a ressaca de uma longa noitada que combinou casório animado, taças de prosseco, shots de vodka, saideiras de cerveja....nada como caldo de Piranha e arroz de polvo!

Inesquecível: O debut de Barbara na sociedade serrana. Parabéns pelos 2 meses de vida!!

E, fica a pergunta que não quer calar: Em que filme estreou Dakota Fanning?

Vem ai...."Minha Tia Conga"